Muito mais assustados do que eu |
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Escrito por Fuente indicada en la materia
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Martes, 02 de Febrero de 2010 10:33 |
Por YOANI SÁNCHEZ
A sexta-feira foi complicada desde o início, não nego. Pela manhã o Claudio faltou, professor de fotografia na Academia Blogger, porque um agente - que lhe mostrou apenas uma carteira opaca com as siglas DSE - o levou detido. Fizemos uma pequena festa em nossa casa depois das aulas para celebrar o primeiro aniversário de Voces Cubanas, que já mostra 26 sítios pessoais numa vida tão curta. Recordo que em meio aos abraços e os sorrisos alguém disse que me cuidasse. “Num sistema assim não há maneira de se proteger dos ataques do Estado”, disse na intenção de espantar meu próprio medo.
Por volta das seis da tarde íamos à uma reunião familiar. Minha irmã, há 36 anos, - no dia do ferroviário - presenteou meu pai com seu primeiro choro de bebê no meio da madrugada. Até Teo, com sua adolescência relutante em participar de atividades de “velhos”, aceitou nos acompanhar. Lá nos esperava o típico aniversário com fotos, velas para apagar e “Felicidades Yunia em teu dia, que o passes com alegria sadia…”. Só que vários olhos que espreitavam tinham outro plano para nós. No meio da avenida Boyeros, a poucos metros do MINFAR e do escritório de Raúl Castro, tres automóveis detiveram o Lada miserável que havíamos tomado numa esquina.
“Nem penses em passar pela rua 23 Yoani, porque a União de Jovens Comunistas está fazendo uma atividade alí”, gritaram uns homens que desceram de um Geely de fabricação chinesa que me fez lembrar uma forte dor na zona lombar. Já vivi algo parecido em novembro passado e hoje não iria permitir que me enfiassem em outro automóvel pela cabeça - desta vez - junto do meu filho. Um homem enorme desceu do veículo e começou a repetir suas ameaças. “Como te chamas?” Foi a pergunta que não teve a hombridade de responder ao Reinaldo. Do corpo espigado de Teo brotou uma frase irônica: “Não disse seu nome porque é um covarde”. Pior ainda, Teo, pior ainda, não disse seu nome porque não se reconhece como indivíduo senão que é um simples porta-voz de outros mais acima. Uma câmera profissional filmava cada gesto nosso, esperando uma pose agressiva, uma frase vulgar ou um excesso de ira. A injeção de terror foi breve, o aniversário nos soube amargo.
Como podemos sair ilesos de tudo isso? De que forma um cidadão pode se proteger de um Estado que tem a polícia, os tribunais, as brigadas de resposta rápida, os meios de difusão, a capacidade de linchá-lo socialmente e convertê-lo num derrotado pedindo perdão? De quem têm tanto medo? Que esperavam que ocorresse hoje na rua 23 para deterem vários blogueiros?
Sinto um terror que quase não me deixa teclar, porém quero dizer à esses que me ameaçaram hoje junto da minha família, que quando alguém chega a certo grau de pânico, não importa uma dose maior. Não vou parar de escrever, nem de twittear; não tenho planos de acabar meu blog, não abandonarei a prática de pensar por mim mesma e - sobretudo - não vou deixar de acreditar que eles estão muito mais assustados do que eu.
Traduzido por Humberto Sisley de Souza Neto |
Última actualización el Martes, 02 de Febrero de 2010 10:35 |
Chávez avança para a ditadura |
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Escrito por Fuente indicada en la materia
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Jueves, 28 de Enero de 2010 11:33 |
DO ESTADAO.COM.BR As ditaduras não costumam consolidar-se desrespeitando as leis, as liberdades, as garantias e os valores das pessoas em apenas um campo. Mas no conjunto da quebra de direitos, traçada por esses regimes, a intolerância à livre expressão é sempre uma prioridade. Por isso não surpreende, na Venezuela de Hugo Chávez, a retirada do ar ? junto com mais cinco emissoras a cabo ? da popular RCTV, por não transmitir em cadeia um discurso do caudilho.
Em 16 de julho de 2007 o caudilho venezuelano já retirara o sinal aberto da RCTV, que nunca se enquadrou nos padrões de comunicação exigidos pelo autoritarismo bolivariano. Atualmente, a RCTV só transmite sinal a cabo. Também não se enquadraram as 34 emissoras de rádio retiradas do ar pelo esbirro de Chávez, o tenente Diosdado Cabello, diretor da Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel), com base em leis aprovadas sob medida pela Assembleia Nacional, totalmente dominada pelo chavismo. A Conatel também aplicara multa equivalente a US$ 2 milhões à Globovisión por ter difundido a notícia de um tremor de terra em Caracas.
O autoritarismo bolivariano nada tem de original. O truculento cerceamento da liberdade e da independência dos veículos de comunicação é um dos instrumentos que os governos ditatoriais usam para sufocar a reação popular a outras truculências. No dia 8, Chávez alterou a cotação da moeda venezuelana e criou um câmbio duplo ? isso num país que importa 80% do que consome. O governo combate a escassez e a carestia, expropriando supermercados, como fez com o do grupo francês Exito. Mas o governo Chávez dá sinais de cisão, como indicam as renúncias do vice-presidente e ministro da Defesa, Ramón Garrizalez; de sua mulher, ministra do Meio Ambiente; do ministro da Ciência e Tecnologia, Jesse Chacon; do ministro da Energia Elétrica, Angelo Rodrigues; e do presidente do Banco Central, Vasquez Orellana.
É evidente que Chávez aumentou a violência contra a liberdade de imprensa na inútil tentativa de ocultar a situação cada vez mais deteriorada da economia e da administração pública bolivarianas. Só que não há como esconder do público a carestia, a escassez de produtos essenciais e os apagões frequentes. Apesar de ameaçada de ser fechada pelo governo, a emissora Globovisión ainda ecoa os protestos e manifestações populares contra a arbitrariedade do regime. Foi essa emissora, por exemplo, que divulgou a convocação do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, para um panelaço de protesto contra o fechamento da RCTV.
Cresce entre a população venezuelana a reação aos desmandos chavistas. No sábado, milhares de pessoas foram às ruas protestar contra as políticas que levaram ao colapso do setor elétrico, à crise de abastecimento e a uma inflação acima de 25%. A Igreja, por meio do cardeal-arcebispo de Caracas, Jorge Urosa Savino, deplorou o fechamento da RCTV. "Não podemos assistir passivamente a essas coisas. Temos de lutar para que respeitem nosso direito. Calar um meio de comunicação não contribui em nada para a manutenção do Estado de Direito, mas sim enfraquece as garantias constitucionais."
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) condenou com veemência o fechamento da RCTV e de outros canais pelo governo Chávez. Como disse o presidente da organização, Alejandro Aguirre, "a SIP continuará criticando e condenando as ações de um governo que há muitos anos está se apoiando em leis intolerantes para atacar a liberdade de imprensa e fechar meios de comunicação independentes".
O avanço de Chávez no cerceamento à liberdade de expressão não é um fenômeno isolado no continente latino-americano. Em outros países, como a Bolívia de Evo Morales, o Equador, de Rafael Correa, e a Argentina do casal Kirchner, quem já está no poder adota medidas concretas para encilhar a imprensa. No Brasil, os autoritários incrustados no governo democrático divulgam projetos que outro propósito não têm, a não ser impedir a livre manifestação do pensamento e das opiniões ? com assinatura do presidente Lula.
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Última actualización el Martes, 02 de Febrero de 2010 10:40 |
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Escrito por Fuente indicada en la materia
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Jueves, 28 de Enero de 2010 11:19 |
Por YOANI SÁNCHEZ
Faz muito tempo que nossa identidade deixou de estar contida numa Ilha. O ato de nascer e crescer neste comprido território já não é o elemento principal para portar sua nacionalidade. Somos um povo disperso pelos cinco continentes, como se tivéssemos sido atomizados sobre o painel do mapa mundi pela mão errática das necessidades econômicas e da falta de liberdade.
Sei o que se sente. Sei o difícil que é ir à um consulado cubano num país qualquer e te pedirem uma assinatura pela liberdade de cinco agentes do Ministério do Interior - presos nos Estados Unidos - porém não te perguntarem, sequer, se podem te auxiliar em algo. Escutei uma jovem chorar numa embaixada na Europa enquanto um funcionário lhe repetia que não poderia retornar ao seu próprio país por haver excedido os onze meses da permissão de saída. Também testemunhei o outro lado. Da negativa recebida por muitos que aqui solicitam o cartão branco para subirem num avião e saltarem a insularidade. As limitações para viajar tornaram-se rotina para nós e alguns chegam a acreditar que deve ser assim, porque conhecer ouitros lugares é uma prebenda que nos dão, uma prerrogativa que nos outorgam.
Esses poucos que decidem quem entra ou sai deste arquipélago elegeram os participantes do encontro A Nação e a Emigração que ocorre desde hoje no Palácio das Convenções. Lí os pontos a serem debatidos durante estes dois dias e não creio que representem as preocupações e demandas da maioria dos emigrados cubanos. Salta aos olhos que não se incluiu a exigência de dar fim aos confiscos de propriedades para os que se radicam em outro país, nem se menciona a necessidade de devolver o direito de voto aos exilados. Não encontro sequer, na agenda a ser tratada, o anúncio do fim das limitações que muitos deles têm para ingressar ou se radicarem em seu próprio torrão.
O grupo dos que vivemos na Ilha tampouco está representado em toda a sua pluralidade e seus matizes, senão o selo oficial e o acantonamento do dirigido. Ambas amostras - a de dentro e a de fora - estão cerceadas e filtradas para evitar que *A Nação e a Emigração* termine por converter-se numa exposição da lista de atrocidades migratórias que padecemos. Mais do que reclamações e críticas, as autoridades que organizaram o encontro querem escutar na enorme sala - onde costuma se reunir o Parlamento - o som estrepitoso dos aplausos.
Traduzido por Humberto Sisley de Souza Neto |
Última actualización el Jueves, 28 de Enero de 2010 11:33 |
Viva o populismo, só para variar |
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Escrito por Fuente indicada en la materia
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Martes, 26 de Enero de 2010 11:17 |
Por CLÓVIS ROSSI
ZURIQUE - É impressionante a catarata de artigos, análises e declarações que atacam um suposto surto populista do presidente Barack Obama, só porque ele anunciou uma série de medidas destinadas a evitar os excessos que a banca pratica e que estiveram na origem da baita crise iniciada em 2007.
A maioria das análises usa a derrota do Partido Democrata na eleição para a vaga do senador Ted Kennedy em Massachusets, potencialmente catastrófica para Obama, como uma demonstração irrefutável de que o programa de controle dos bancos só pode ser populismo, porque atende, em um momento complicado, a cobrança (justa) do público pelo sangue dos gatos gordos da banca.
É bem possível, até provável, que Obama tenha de fato feito coincidir o "timing" do anúncio com o imediato pós-derrota. Isso é populismo ou é apenas política? Queriam o quê? Que Obama ficasse sentado na Casa Branca, esperando que sua Presidência fosse limada? Aí, seria acusado de molenga, indeciso, o diabo.
Quanto ao populismo, primeiro é bom dizer que esse rótulo passou a ser maldito a partir do momento em que se impôs ao mundo o tal "pensamento único", neoliberal, como se queira chamar o receituário hegemônico.
Mas, muitas vezes, atos apontados como populistas não passam de ações populares. Caso típico da regulação da banca, setor que nunca foi o mais amado pelo público e, agora, menos ainda (e há inúmeras razões para tanto, não?).
Segundo, é preciso dizer que Obama não inventou nada nas suas propostas nem elas são apenas o atendimento ao desejo de sangue do público.
Basta reproduzir a nota oficial do Conselho de Estabilidade Financeira: "As propostas anunciadas pelos Estados Unidos estão entre o leque de opções e enfoque sob consideração pelo Conselho de Estabilidade Financeira em seu trabalho para enfrentar os riscos colocados pelas instituições [ditas] grandes demais para quebrar".
O que é o Conselho: foi criado [pelo G20] para coordenar, no plano internacional, o trabalho de autoridades financeiras nacionais e os corpos internacionais de estabelecimento de normas e para desenvolver e promover a implementação de políticas eficazes de regulação, supervisão e outras políticas para o setor financeiro.
Seus membros são predominantemente altos funcionários dos Bancos Centrais das economias relevantes, Brasil inclusive. Bancos Centrais são o antônimo exato de populismo. Alguém aí acha que Henrique Meirelles é populista?
Portanto, Obama não está fazendo nada que fuja aos padrões que o establishment internacional não tenha já discutido e ao menos em parte sugerido.
Por que, então, há essa reação contra Obama e silêncio sobre a ação do FSB (a sigla em inglês para o Conselho de Estabilidade Financeira)? É basicamente uma questão de foco: a Casa Branca está permanentemente iluminada pelos holofotes da mídia. Mais ainda se uma de suas ações pega Wall Street, tomando a ruazinha de Nova York como sinônimo de mercados financeiros, porque é outra zona sempre sob os holofotes e com imensa capacidade de influir na agenda da mídia.
Já a Basileia, QG do Conselho e dos bancos centrais do planeta, é uma cidadezinha suíça pequena e tranquila em que nada acontece que atraia jornalistas. As reuniões do FSB se dão a cada dois ou três meses, sempre aos domingos e segundas-feiras, poucos jornalistas aparecem, os temas são quase impenetráveis para os mortais comuns, pelo seu caráter técnico e, acima de tudo, a TV rarissimamente noticia porque não dão imagens bacanas aqueles senhores engravatados discutindo temas quase esotéricos.
De mais a mais, as recomendações da Basileia só viram regra quando compradas pelos governos, em especial dos países ricos. Quando Obama coincide com elas, Wall Street berra e o presidente vira populista.
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Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Assina coluna às quintas e domingos na página 2 da Folha e, aos sábados, no caderno Mundo. É autor, entre outras obras, de "Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo e "O Que é Jornalismo".
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Última actualización el Martes, 02 de Febrero de 2010 10:40 |
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