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Artigos: Brasil
Brasil… Ah! Brasil PDF Imprimir E-mail
Escrito por Indicado en la materia   
Miércoles, 13 de Marzo de 2013 12:15

Por Yoani Sánchez.-

Carregar um caderno de viagem é tão difícil como estudar para uma prova de matemática no interior de uma discoteca. Atenta a nova realidade que se mostra ante meus olhos desde que saí de Cuba, vi-me ante a alternativa de viver ou narrar o que me ocorre, atuar como protagonista deste itinerário ou como a jornalista que o cobre. Os dois pontos de vista são difíceis de serem postos lado a lado, dado a velocidade e a intensidade de cada acontecimento, portanto tratarei de ir colocando por escrito algumas impressões. Linhas do que me sucede, fragmentos às vezes caóticos do que experimento.

A primeira surpresa do programa foi no Aeroporto Jose Martí de Havana quando depois de atravessar a porta da emigração vários passageiros começaram a se acercar e a me dar suas mostras de solidariedade. O afeto foi crescendo na medida em que o trajeto avançava e no Panamá encontrei uns venezuelanos também muito carinhosos… Apesar de me pedirem o favor de que não subisse a foto com eles para o Facebook… Para não terem problemas em seu país. Depois dessa escala veio o vôo mais longo até o Brasil, com uma sensação mental e física de descompressão. Como se houvesse estado submersa muito tempo sem poder respirar e conseguisse agora ter uma inspiração de ar.

No aeroporto de Recife um lugar para o abraço… Ali encontrei muitas pessoas que durante anos têm apoiado meu empenho de viajar para fora das fronteiras nacionais. Houve flores, presentes e até um grupo de gente me insultando que muito gostei – confesso – porque me permitiu dizer que eu sonhava com que “algum dia em meu país as pessoas pudessem expressar publicamente dessa forma contra algo, sem represálias”. Um verdadeiro presente de pluralidade para mim que chego de uma Ilha que tentaram pintar com a monocromática cor da unanimidade. Mais tarde tive aceso a uma Internet tão rápida que quase não compreendo, sem páginas censuradas nem funcionários olhando por cima do ombro a página que visito.

Desse modo que até agora vai tudo muito bem. Brasil tem me dado o presente da diversidade e do carinho, a possibilidade de apreciar e narrar tantos assombros.

Tradução e administração do blog em língua portuguesa por Humberto Sisley de Souza Neto

 
Em Cuba não há droga? PDF Imprimir E-mail
Escrito por Indicado en la materia   
Lunes, 04 de Febrero de 2013 13:09

Por Yoani Sánchez.-

Eu tinha uma ceratite bem agressiva no olho esquerdo. Era o resultado da pouca higiene do albergue e das sucessivas conjuntivites mal cuidadas. Receitaram-me um tratamento complexo, porém depois de um mês de colírios continuava sem notar melhora alguma. Ardiam-me os olhos ao contemplar as paredes pintadas de branco e as zonas onde se projetasse a luz do sol. As linhas dos livretos apareciam borradas e examinar minhas próprias unhas era impossível. Yanet, a menina que dormia na cama em frente me contou o que acontecia. “Roubam-te a homatropina para tomarem-na, curtem uma tremenda viagem e depois preenchem o frasco com outra coisa”, disse-me num sussurro em frente às duchas. Desse modo me pus a vigiar cada noite minha posição e comprovei que era verdade. O medicamento que devia me curar era consumido por alguns colegas de albergue misturado com um pouco de água… Não era a toa que a minha córnea não sarava.

Imagen tomada de www.informador.com.mx/

Elefantes azuis, caminhos de matéria plástica, braços que se alongavam ao horizonte. Escapar, voar, pular de uma janela sem sofrer dano… Até ao mesmíssimo abismo eram as sensações perseguidas por muitas daquelas adolescentes afastadas de seus pais e que viviam sob os poucos valores éticos transmitidos pelos professores. Algumas noites os rapazes faziam, na área desportiva, uma infusão da flor conhecida como “campana” conhecida como a droga do pobre. No final do meu décimo grau começaram a também entrar naquele pré-universitário os pós para inalar e “erva” em pacotes pequenos. Eram trazidas principalmente pelos estudantes que viviam no paupérrimo bairro de El Romerillo. Risadinhas nas aulas matinais depois da ingestão, olhadas extraviadas que transpassavam o quadro-negro e a libido exacerbada com todos aqueles “estímulos para viver”. Com doses regulares já não se sente nem o ardor da fome no estômago, confirmavam-me algumas amigas já “fisgadas” Por sorte nunca me deixei tentar.

Ao terminar a bolsa de estudos soube que fora dos muros daquele lugar a mesma situação se repetia, porém em maior escala. Na minha região de San Leopoldo aprendi a reconhecer as pálpebras semi-abertas dos “colocados”, a fraqueza e a pele mortiça do consumidor empedernido e a atitude agressiva de alguns que depois de darem “um toque” acreditavam-se os reis do mundo. Quando os anos dois mil chegaram aumentaram as ofertas no mercado da evasão: melca, marijuana, coca - esta última a uns 50 pesos conversíveis o gramo atualmente – pastilhas EPO, Parkisonil rosado e verde, pedra, Popper e todo tipo de psicotrópicos. Os compradores são de variados estratos sociais, porém em sua maioria buscam escapar, passar um momento, saírem da rotina e deixarem para trás a asfixia cotidiana. Inalam, bebem, fumam e depois são vistos a bailar por toda a noite na discoteca. Passada a euforia ficam dormindo frente a esta mesma tela de televisão onde Raúl Castro assegura que “em Cuba não há droga”.

Tradução e administração do blog em língua portuguesa por Humberto Sisley de Souza Neto

Última actualización el Lunes, 04 de Febrero de 2013 13:11
 
América Latina e a sucessão venezuelana PDF Imprimir E-mail
Escrito por Indicado en la materia   
Lunes, 04 de Febrero de 2013 13:07

Por Carlos Malamud.-

A crise política aberta na Venezuela por causa da doença de Hugo Chávez e o adiamento da tomada de posse de seu novo mandato foi seguida com grande interesse em toda a América Latina, independentemente da relação que cada um dos diferentes governos implicados tivesse com o chavismo. Assim como Fidel Castro esteve gravemente doente, mais uma vez Havana se converteu em centro de peregrinações de certos presidentes latino-americanos, ainda que em menor intensidade. Com Chávez “preso” na unidade de cuidados intensivos do hospital, a falta de contato pessoal dissuadiu alguns de viajar.

No dia 10 de janeiro, dia do começo do novo mandato de Hugo Chávez, 22 dos 33 países da América Latina e Caribe assinaram a Declaração de Caracas em apoio às teses oficiais venezuelanas. Os assinantes foram os 18 países da Petrocaribe, Bolívia e Equador, os dois únicos dos oito do ALBA (Aliança Bolivariana dos povos de nossa América) não vinculados à Petrocaribe, mais Argentina e Uruguai. Como assinalou Rosendo Fraga, “enquanto dois terços dos países da CELAC legitimaram a solução do chavismo para a crise institucional venezuelana, 11 países não o fizeram, o que representa três quartos da região em termos de PIB, população e território”.

No ato realizado em Caracas estiveram presentes três presidentes regionais: Evo Morales, Daniel Ortega e José Mujica. Enquanto Bolívia e Equador fazem parte do ALBA, o mandatário uruguaio justificou sua presença na capital venezuelana em sua condição de presidente pró tempore do Mercosul. A declaração não foi assinada por nenhum dos quatro países que integram a Bacia do Pacífico (Chile, Colômbia, México e Peru) nem pelos dois observadores (Costa Rica e Panamá), enquanto o peruano Ollanta Humala viajou a Havana para prestar solidariedade por causa do estado de saúde de Chávez. Também não assinaram Paraguai, brigado com a Venezuela por causa da destituição do ex-presidente Fernando Lugo (que esteve presente em Caracas) nem Brasil, apesar do comentado pronunciamento de Marco Aurelio García, que também foi a Cuba.

Para explicar a conduta dos diferentes países, é necessário considerar a maior proximidade política ou ideológica, caso dos integrantes do ALBA, ou econômica, caso daqueles vinculados à Petrocaribe, já que nestes o entendimento frente ao que ocorria na Venezuela era maior. Em linhas gerais, pode se dizer que as respostas foram desde a plena solidariedade com a via de ação desenvolvida pelo governo bolivariano para evitar a convocação de novas eleições até a indiferença ou a neutralidade. No meio, encontramos uma grande variedade de posições, que falam da necessidade de pagar passadas ajudas venezuelanas (Argentina ou Uruguai), de seguir contando com o papel mediador do chavismo (Colômbia com Juan Manuel Santos envolvida no processo de paz com as FARC), ou manter uma verdadeira unidade sul-americana, com vistas na postura do Brasil.

No entanto, e isto é importante, não houve nenhum pronunciamento abertamente contra ou de rejeição ao que foi feito pelo governo provisório de Nicolás Maduro, nem declarações a favor da democracia venezuelana ou em relação às leis e às instituições à margem da versão oficialista. Nem sequer no que se referia à discutível sentença da Sala Constitucional do TSJ (Tribunal Supremo de Justiça) venezuelano sobre as condições sob as quais Chávez deve prestar o juramento de seu novo mandato foram ouviradas vozes discrepantes. O único caso considerável é o do embaixador panamenho ante a OEA (Organização dos Estados Americanos), Guillermo Cochez, que depois de dizer que a Venezuela era “uma democracia doente” foi fulminantemente destituído pelo presidente Ricardo Martinelli, depois de escutar as críticas de Nicolás Maduro.

A posição oficial do Brasil tornada pública por Marco Aurelio García, o principal assessor da presidente Dilma Rousseff para temas internacionais, e o grande ideólogo da política latino-americana de Lula da Silva, apontava para que a Venezuela podia esperar durante 180 a que Chávez juramentasse, considerando os três meses de ausência temporária e os três meses de ausência definitiva estabelecidos na Constituição. As palavras de García podiam ser relacionadas com o tradicional apoio que Chávez e seu projeto receberam do Brasil desde a chegada de Lula à presidência (recorde aquela frase do ex-presidente brasileiro assinalando que Chávez era o melhor presidente que a Venezuela nunca tinha tido), mas também podem ser vistas como o estabelecimento de um rígido marco institucional ao processo de transição.

Deste modo Brasil, no que alguns consideram “uma estratégia discreta e subtil”, estaria disposto a deixar passar esses seis meses, mas depois deles as autoridades venezuelanas deveriam convocar irremediavelmente eleições e estas devem ser justas e democráticas. As duas interpretações apresentadas também evidenciam as contradições existentes no seio do governo Rousseff em relação à Venezuela, mas também com sua condição de líder regional. Segundo alguns jornalistas produziram-se alguns contatos entre diplomatas brasileiros e estadunidenses, onde os primeiros pediram um maior protagonismo de seu governo e da própria região na resolução da crise política venezuelana. É óbvio que se fosse assim, tanto a presidente Rousseff como Itamaraty estariam jogando parte de seu prestígio.

De todos os modos, o que está claro nas reações de uns e outros é que a totalidade dos atores começa a pensar, com maior ou menor preocupação ou maior ou menor urgência, nos possíveis cenários que se abrem na região depois do desaparecimento de Chávez do primeiro plano da cena política. A Venezuela continuará exercendo a liderança sui generis que desenvolveu nos últimos 10 anos na América Latina? Sua capacidade de pressão continuará tão potente como no passado imediato em função dos apoios acumulados nos anos anteriores?

Arturo López Levi pergunta-se nestas mesmas páginas se a Venezuela poderia garantir o boicote latino-americano à Cúpula das Américas de 2015 em caso de que Cuba não fosse convidada para a mesma. Se tratará, evidentemente, de uma prova de fogo para medir a capacidade de influência do novo governo venezuelano. A presidência pró tempore da CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) que depois da Cúpula de Santiago passará às mãos de Raúl Castro será outra oportunidade importante para constatar o anterior e também o grau de coordenação entre os governos de Caracas e Havana para seguir impulsionando seu projeto hegemônico continental.

Aqui encontramos uma explicação parcial do alineamento de parte dos países da região com a Venezuela nesta conjuntura ou do silêncio da outra parte. Cuba tem um duplo interesse na Venezuela. O primeiro, os mais de 100.000 barris de petróleo diários que se recebem na ilha a preços mais que convenientes e com grandes condições de financiamento. Este foi um dos pilares que permitiu a Cuba frear o colapso intuído depois do desaparecimento da União Soviética. O outro, a política exterior chavista que permitiu a quase plena reincorporação de Cuba às instituições multilaterais latino-americanas. Enquanto uma mudança política na Venezuela não voltaria a levar Cuba ao ostracismo, se debilitaria enormemente sua capacidade negociadora, especialmente com os Estados Unidos.

Uma vez mais, o caso venezuelano tem posto em evidência as diferentes linhas de fratura que atravessam a região e dificultam avançar no processo de integração regional. Nesta oportunidade, o silêncio do Mercosul e da Unasul, tão clamorosos em ocasiões anteriores (destituição de Fernando Lugo, golpe contra Manuel Zelaya em Honduras ou levantamento policial no Equador) foi mais do que evidente. Provavelmente o Brasil não tenha sido alheio a esta conduta, apesar da atitude beligerante de Cristina Fernández de Kirchner em apoiar a legalidade bolivariana.

Tomado de INFOLATAM

 
Algo mais que um cabo PDF Imprimir E-mail
Escrito por Indicado en la materia   
Jueves, 31 de Enero de 2013 13:42

Por Yoani Sánchez.-

Nosso parlamento se reuniu em dezembro. Um conglomerado de diversas idades, origens sociais, raças e gênero, porém com uma só filiação política. Mais de seiscentos deputados que dizem representar uma nação quando em realidade só falam em nome de uma ideologia. A pantomima da pluralidade, com estatísticas pensadas para impressionar dadas as cifras de mulheres, jovens, mestiços e trabalhadores que a integram mesmo sem diversidade de pensamento. Um arco-íris com sete bandas da mesma cor. Ou quase, porque a paleta só contem vermelho e verde-oliva. Porém não é precisamente sobre este manso grupo de indivíduos aplaudindo no Palácio de Convenções que eu quero escrever hoje, mas sim sobre o cabo de fibra óptica entre Cuba e Venezuela.

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Quando no mês passado o ministro das Telecomunicações e Informática submeteu um informe a Assembléia Nacional, a imprensa não publicou nenhuma palavra sobre o cabo Alba-1. Desde agosto de 2012, hoje diz o jornal Granma, o cabo submarino estava ativo para “tráfico de voz relativo à telefonia internacional”. Isso significa que quando Maimir Mesa falou ao parlamento já tinha a informação para dar, mas preferiu reservá-la, escamoteando-a. Por quê? Talvez por temor que a ansiedade que tanto temos para nos conectar a Internet se avivasse com esse anúncio. Talvez nos tenha ocultado tais dados porque não conhece outra estratégia informativa do que o secretismo. “Quanto menos souberem melhor”, parece ser a divisa de nossos dirigentes.

Contudo este mundo é um lenço, uma bola de beisebol, uma laranja ácida e pequenina. Faz uns dias a firma norte-americana Renesys anunciou (aqui e aqui) que havia notado latência no Alba-1. Primeiro foi um tráfico numa só direção que posteriormente se completou num ir e vir de kilobytes. O cabo estava vivo, despertava. Dois anos depois da sua chegada a terras cubanas, com um custo de 70 milhões e 1.600 kilômetros de comprimento, a longa serpente de fibra óptica começava a funcionar. Tivemos que nos inteirar, como ocorre tantas vezes, pelos meios estrangeiros. Então só quando a notícia já estava por todos os lados a imprensa oficial a confirmou esta manhã numa nota sintética. Na mesma adverte-se que “o início de operação do cabo submarino não significará que automaticamente se multipliquem as possibilidades de acesso”.

A verdade é que já não lhes acredito em nada. Nem na passiva Assembléia Nacional, nem num ministro que pratica o secretismo, nem nos jornalistas oficiais que estiveram naquela sessão do parlamento e não reportaram a ausência de um tema tão importante, nem num jornal que só se pronuncia quando descobrem seus silêncios. Muito menos creio, nesta altura, no caráter de verdadeiros cidadãos de todos esses milhões de cubanos que tem se calado e se conformado com o menor aceso a Internet deste hemisfério.

Tradução e administração do blog em língua portuguesa por Humberto Sisley de Souza Neto

 
Sem novidade à frente PDF Imprimir E-mail
Escrito por Indicado en la materia   
Jueves, 31 de Enero de 2013 13:40

Por Carlos Alberto Montaner.-

Como será Obama 2? Naturalmente, como Obama 1, ainda que decidido tentar levar adiante dois ou três temas sociais relevantes: os direitos de homossexuais, a legalização de uma porcentagem dos imigrantes ilegais, a reforma, muito enfatizada, do seguro médico, e um pouco mais.

Obama sabe que não o elegeram para mudar a história do país, nem para revolucioná-lo, senão, como todos seus predecessores, para melhorar parcial e levemente a administração do sistema de acordo com os limites que a lei determina. Ele é o pressionado gerente de uma república, não um mago.

Aí, precisamente, arraiga a grandeza da experiência social norte-americana. Durante a cerimônia de posse vários dos expositores disseram com orgulho e veemência: estavam na presença do presidente número 44 da República. Desde a eleição de George Washington em 1789, até a alguns dias, a transmissão da autoridade ocorreu sempre ordenadamente e dentro das pautas da Constituição promulgada em 1787.

Nada de golpes militares, nem de revoltas populares ou elitistas. Inclusive em 1864, durante a Guerra Civil, as urnas funcionaram e Lincoln foi reeleito. É verdade que os Estados confederados do sul não votaram, mas não se alterou o ritmo constitucional. Quando, às seis semanas, assassinaram o governante, o vice-presidente Andrew Johnson, um ex-senador democrata e do sul, bastante tosco e nada popular-Lincoln era republicano e educado—, assumiu o cargo e terminou seu mandato em 1868.

Enquanto nós os latino-americanos costumamos estar muito satisfeitos com nossas revoluções e cultivamos a admiração pelos personagens que as dirigem, e escrevemos odes e cantigas a nossos fulgurantes caudilhos, os norte-americanos, em troca, se orgulham do sossegado funcionamento institucional.

O fundamental nos Estados Unidos é que quem ocupe a Casa Branca, uma cadeira no Congresso ou no Senado, ou um cargo no judiciário, tenha acedido a esse posto dentro da lei. A nação é totalmente refratária ao barulho revolucionário, ainda que todos saibam que na classe política, como em qualquer estamento, abundam as pessoas medíocres. Ninguém espera super-homens que salvem a pátria senão servidores públicos que obedeçam as regras.

O espantoso dos Estados Unidos é, precisamente, a capacidade para mudar a realidade social, política e econômica do país sem modificar substancialmente a estrutura do Estado e as normas constitucionais.

A república norte-americana começou com 13 colônias agrupadas perto da costa Atlântica, na qual existiam um pouco mais de três milhões de brancos e setecentos mil escravos negros (os índios mal figuraram no censo de 1790).

Esse primeiro país era dirigido por homens adultos, escolarizados, proprietários, fundamentalmente, cristãos. Os negros, as mulheres e os pobres não existiam. Duzentos vinte e quatro anos após a eleição de George Washington, a nação, presidida por um afro-americano graduado em Harvard, multiplicou sua geografia por oito e sua população por 80.

Hoje vivem nos Estados Unidos 315 milhões de pessoas e a imensa maioria faz parte das classes médias. A nação, há um século, se converteu na primeira potência científica, militar e econômica do planeta, enquanto, simultaneamente, foi incorporando quase todos os indivíduos aos mecanismos de tomada de decisão. Se há um estado progressista, é este. É o que mais progride.

A história dos Estados Unidos demonstra que a verdadeira prosperidade não se consegue mediante os espasmos revolucionários, geralmente sangrentos e destrutivos, senão pelo respeito à lei e a continuidade na obra de governo em sociedades livres. Aqui está a prova.

Por isso, é absurdo temer o Obama 2. O quadragésimo quarto presidente, ainda que tenha uma visão do gasto público e do papel do Estado mais intervencionista que a média nacional, não chegará aos extremos, por exemplo, de Lyndon Johnson, o presidente número 37, e a “Grande Sociedade” que adotou nos anos sessenta do século passado.

Em 2017, singelamente, os americanos elegerão o presidente número 45 e a nação continuará seu caminho crescente sem pressa nem pausa. Nesse ano, Obama passará a ser um ex-presidente trabalhador e cordial preocupado em armar uma biblioteca pública com seus papéis e lembranças. Assim vem ocorrendo há mais de dois séculos.

Traduzido por Infolatam

Tomado de INFOLATAM

 
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