O presidente boliviano Evo Morales indica temer pela vida de Hugo Chávez — um de seus principais aliados na América Latina. O líder venezuelano enfrenta um câncer desde pelo menos 2011, mas restringe informações sobre seu estado de saúde. Recentemente, dados não oficiais deram conta de uma piora — ele tem passado mais tempo em Cuba, onde realiza tratamento, do que em seu país de origem.

“Tenho muito medo… Dói saber que um comandante tem problemas de saúde —desabafou Morales ao jornal “El Tiempo”, da Colômbia, dando mais alguns indícios sobre o real estado de Chávez. — Eu estou preocupado com as suas palavras, a sua mensagem de Páscoa, quando (Chávez) pediu a Jesus Cristo ‘não me leve ainda’—contou Morales, que participou, no último fim de semana, da Cúpula das Américas, no balneário colombiano de Cartagena das Índias”.

Morales revelou que o presidente venezuelano lhe disse que ganharia “esta batalha pela vida”. Chávez tem insistido publicamente que o tratamento tem corrido bem, mesmo após a reincidência do câncer. Ele havia sido operado em junho de 2011 para uma retirada de um tumor na região pélvica. No início deste ano, ele passou por uma nova cirurgia em razão de um segundo tumor e, desde então, vem passando por sessões de terapia regulares.

No início deste mês, Chávez teria sofrido uma piora em Cuba e cogitado continuar o tratamento no Brasil — para onde foi convidado já no ano passado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela presidente Dilma Rousseff. Entretanto, a possibilidade de manter um maior sigilo sobre a doença o teria feito optar por Havana. O otimismo está relacionado à tentativa do venezuelano de obter um novo mandato nas eleições de 7 de outubro.

Boliviano se diz contra as Farc

Morales também falou das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e aconselhou os guerrilheiros a se dedicarem à política e não a práticas como o sequestro.

“Uma coisa é um sentimento profundo de fazer uma revolução, mesmo que seja com armas. Outra é abusar do ser humano, fazer sequestros, (o) que eu não compartilho. É hora de as Farc se tornarem um partido político. Revolução, estou convencido, também pode ser feita com votos” —afirmou ele.

Morales insistiu finalmente que “não haverá uma próxima cúpula sem Cuba” — uma exigência que contribuiu para que a sexta edição do evento, realizada neste fim de semana, terminasse sem uma declaração oficial.