Leopoldo López é um homem feliz. No dia 16 de setembro, a Corte Inter-Americana de Direitos Humanos (CIADH) ordenou à Venezuela que removesse a proibição, por suposta corrupção, que impedia o ex-prefeito de Caracas de se candidatar nas eleições nacionais. Em teoria, isso deveria permitir que López competisse nas primárias presidenciais de fevereiro, e, caso fosse bem sucedido, poderia desafiar Hugo Chávez. Com as datas das primárias e da eleição já determinadas, a oposição está otimista.

Depois de muita especulação, no dia 13 de setembro a autoridade eleitoral (CNE) marcou a eleição para o dia 7 de outubro de 2012, dois meses antes da data tradicional. Se Chávez perder, serão três meses de tensão. Mas a Mesa de la Unidad Democrática (MUD) ainda tem sete meses para fazer campanha. Chávez, que retornou a Cuba no dia 17 para sessões de quimioterapia, é um candidato mais fraco do que no passado. Algumas pesquisas o mostram empatado com Henrique Capriles, governador do estado de Miranda.

Capriles, do partido centrista Primero Justicia, agora lidera as primárias. Mas dois fortes rivais surgiram: o carismático López, que montou um partido do zero em dois anos, e Pablo Pérez, governador do estado de Zulia. Pérez pertence ao partido de centro-esquerda Un Nuevo Tiempo e pode ser muito dependente de sua base provinciana.

Todos os três estão próximos dos 40 anos (Chávez tem 57), assim como do centro ideológico. Quase todos seus eleitores apoiarão o vencedor das primárias. Mas para derrotar Chávez, a oposição terá que aumentar seu apelo. Chavistas descontentes preferirão ficar em casa a votar contra ele, e nenhum dos candidatos elaborou uma mensagem capaz de encantá-los. Capriles é o que provoca menos reações nos chavistas.

Nesse meio tempo, Chávez se manteve ocupado. Seu governo “implorou” ao CNE que “rejeite manobras nacionais e internacionais”, que ele afirma serem elaboradas para apresentar políticos corruptos como vítimas de perseguições. Embora o CNE seja formalmente autônomo, ele provavelmente obedecerá as ordens de Chávez e impedirá que López concorra – mesmo que isso desafie a CIADH, e faça com que a Venezuela viole sua própria constituição e as obrigações de seus tratados internacionais.

Chávez e seus aliados estão agitados. Eles tentaram dividir seus rivais e não conseguiram, e acusam a MUD de planejar um golpe de Estado. Mas se a saúde do presidente melhorar, ele ainda será um candidato formidável. Sua batalha contra o câncer lhe dá uma narrativa forte. E em eleições passadas, ele abusou de seu acesso aos cofres públicos e de seu controle dos tribunais, do CNE e do exército. Um presidente que promete se manter no cargo até 2013 será bem difícil de ser deposto.

Fontes: The Economist -