MIAMI, EUA — O cantor cubano Pablo Milanés, revolucionário por convicção, criticou os maus-tratos infligidos às Damas de Branco em seu país, bem como a autocensura na imprensa e o silêncio dos intelectuais na ilha, em carta aberta publicada, nesta terça-feira, ao radialista de Miami, Edmundo García.

No programa "La Noche se Mueve", García, costuma atacar o exílio de Miami e defender a revolução cubana. Criticou, recentemente, o comportamento de Milanés em algumas entrevistas concedidas a meios internacionais.

O cantor está fazendo uma turnê pelos Estados Unidos e defendeu-se, dizendo que "meus 53 anos de militância revolucionária me concedem o direito, que muito pocos exercem, em Cuba, de me manifestar com liberdade, a mesma exigida por meus princípios, sem nenhum compromisso (...) com os dirigentes cubanos, aos quais admirei e respeitei; mas, não são deuses, nem eu sou fanático, e quando sinto que posso fazer uma repreensão e dizer não, digo sem medo e sem reservas", defendeu-se Milanés na carta expedida de Miami.

"Quando vejo senhoras vestidas de branco protestarem nas ruas e serem maltratadas por homens e mulheres, não posso deixar de me envergonhar e me indignar e, de algum modo, embora não estejamos de acordo, solidarizar-me com elas em sua dor", disse Milanés sobre as Damas de Branco, o grupo de mulheres que pede desde 2003 a liberdade para os presos políticos.

O cantor foi muito aplaudido ao se apresentar sábado, pela primeira vez em Miami, capital do exílio cubano, para um auditório de entre 2.500 e 3.000 pessoas.