Reina Tamayo, a mãe do opositor cubano Orlando Zapata que morreu no ano passado após 85 dias em greve de fome, foi detida com violência esta sexta-feira em Cuba juntamente com familiares, segundo o Directório Democrático Cubano. A detenção ocorreu horas depois de Tamayo ter dito que lhe foi entregue o visto para viajar para os EUA.

A detenção foi noticiada pelo “El Nuevo Herald” com base em informações do Directório Democrático Cubano, que junta opositores ao regime de Raúl Castro e tem sede em Miami, nos EUA. Segundo o jornal, Reina Tamayo foi “detida violentamente às primeiras horas da manhã”, depois de ter confirmado à AFP que ela e outros treze membros da família tinham recebido os vistos e documentos necessários para viajar para os EUA com estatuto de refugiados.

“Juntamente com Reina Tamayo foram detidos e agredidos o seu marido, José Luis Marino Ortiz, e o activista Daniel Mesa Cantillo”, adiantou a organização com sede em Miami. A detenção ocorreu na casa de Reina Tamayo em Banes, a cerca de 800 quilómetros de Havana, e o opositor Ernesto Mederos Arrozarena disse ao “El Nuevo Herald” ter obtido junto de um oficial da Segurança do Estado a confirmação de que Reina Tamayo está “sob investigação”.

Esta detenção ocorre pouco após as declarações à AFP sobre a recepção dos vistos e passaportes norte-americanos e cinco dias antes do primeiro aniversário da morte de Orlando Zapata, a 23 de Fevereiro do ano passado, depois de 85 dias em greve de fome para apelar à libertação de prisioneiros políticos em Cuba.

Reina Tamayo tinha confirmado à AFP a sua intenção de viajar para os EUA. “Recebemos os vistos e todos os documentos norte-americanos para ir para os Estados Unidos com o estatuto de refugiados políticos”, disse numa conversa ao telefone a partir da sua casa em Banes. Referia-se a ela e a 13 membros da família de Orlando Zapata, que não receberam a autorização necessária das autoridades cubanas para deixar o país. E adiantou: “Vamos efectuar as diligências necessárias e os exames médicos na próxima semana, após o primeiro aniversário da morte do meu filho.”

Tamayo, de 62 anos, já tinha manifestado o desejo de sair de Cuba e levar as cinzas do corpo do filho. Em Fevereiro do ano passado, após a morte de Orlando Zapata, o dissidente cubano Guillermo Fariñas iniciou também uma prolongada greve de fome para apelar à libertação de prisioneiros políticos doentes. O seu protesto acabou por estar na origem de um acordo mediado pela Igreja Católica em Cuba em que o Governo anunciou a libertação de 52 prisioneiros políticos do grupo dos 75 que tinham sido detidos na “Primavera Negra” de 2003. Após a libertação, muitos desses opositores viajaram para Espanha e Fariñas foi distinguido pelo Parlamento Europeu com o Prémio Sakharov para a liberdade de expressão.