A ONU (Organização das Nações Unidas) pediu a democratização de Cuba e aguarda os resultados do próximo congresso do governo comunista de Havana, anunciou nesta quarta-feira (16), em Genebra, o Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial.

Participa do comitê o brasileiro José Augusto Lindgren Alves, que evocou o caso da blogueira cubana Yoani Sánchez, cujo convite para visitar o Brasil não pôde ser atendido por proibição do governo cubano.

O colombiano Pastor Murillo Martínez, um dos 18 especialistas e relator deste comitê, afirmou que a comunidade internacional “tem esperado ansiosamente a democratização de Cuba".

- O mundo inteiro espera com grande expectativa o Grande Congresso, anunciado pelo governo cubano, para abril de 2011, no qual prevê que serão anunciadas e legitimadas profundas reformas em Cuba.

Martínez evoca os recentes acontecimentos que sacodem o mundo árabe, dizendo que são um “chamado claro e contundente aos governos de todo o mundo” para que busquem caminhos democráticos.

Cuba reprime dissidentes políticos

O governo ditatorial cubano, liderado primeiramente por Fidel Castro e hoje por seu irmão, Raúl, lida de forma arbitrária seus dissidentes políticos.

Martínez mencionou o caso de Guillermo Fariñas Hernández, que fez iniciou uma greve de fome para exigir a libertação dos prisioneiros políticos mais doentes. A greve durou até 8 de julho, quando o governo cubano anunciou seu compromisso de libertar 52 dissidentes do chamado Grupo dos 75.

O especialista francês Régis de Gouttes criticou, perante este comitê, o relatório apresentado pelo governo cubano, que diz respeitar as liberdades de expressão e opinião no país, quando "informações provenientes de ONGs indicam detenções de dissidentes, jornalistas e defensores dos direitos humanos".

Brasileiro critica falta de liberdade de viajar de cubanos

O especialista brasileiro José Augusto Lindgren Alves evocou o caso da blogueira cubana Yoani Sánchez, que foi convidada várias vezes a visitar o Brasil, mas o governo de Cuba não a deixou sair do país.

Lindgren Alves questionou, assim, o informe do governo cubano que assegura que "a liberdade de viajar no caso cubano ficou submetida às irregularidades e arbitrariedades que derivaram da manipulação imposta por sucessivas administrações americanas às relações migratórias com a ilha".

O Comitê pediu ainda a Cuba que assine a Convenção da ONU de 1951 para os Refugiados e ratifique os dois pactos fundadores das Nações Unidas, dedicados aos Direitos Civis e Políticos e aos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.

A delegação cubana poderá responder a estas críticas na quinta-feira. Em 11 de março próximo, o Comitê entregará a Cuba suas observações e recomendações finais.