Um grupo opositor cubano denunciou quinta-feira que foram registadas 610 detenções arbitrárias por motivos políticos em Cuba durante o mês de março, o número mais elevado dos últimos sete meses.

"Foi notória a tendência de aumento deste tipo de ações repressivas, ao mesmo tempo que identificámos 95 casos de pessoas que sofreram outras formas de repressão política, incluindo agressões físicas, assédio policial e atos de vandalismo ou de repúdio", apontou a Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), no seu relatório mensal.

O grupo opositor, liderado pelo ativista Elizardo Sánchez, frisou que Cuba "continua a criminalizar o exercício de todos os direitos civis e políticos".

No mesmo comunicado, a CCDHRN expressou o seu pessimismo sobre uma eventual mudança do panorama dos direitos fundamentais, civis e políticos na ilha liderada por Raul Castro, afirmando que o governo de Havana tem uma "posição imutável" perante qualquer esforço ou proposta "a favor de urgentes reformas jurídicas, económicas e políticas", medidas essas que "o povo de Cuba precisa e merece".

"Os cubanos, como todos os outros povos, também têm direito a todos os direitos, incluindo o direito de não serem perseguidos ou intimidados na sua luta pacífica para sair da pobreza e de um profundo desespero", indicou a organização, acrescentando que Cuba ainda sofre "da pior situação de direitos civis e políticos e de outros direitos fundamentais" de todo o hemisfério ocidental.

Estes dados são divulgados poucos dias depois da realização em Washington de uma reunião "preliminar" entre os Estados Unidos e Cuba para abordar a questão dos Direitos Humanos.

A reunião, que surge no âmbito das negociações históricas para o restabelecimento das relações diplomáticas entre Havana e Washington, anunciadas a 17 de dezembro de 2014, serviu para debater "a metodologia e a estrutura das futuras conservações" sobre esta matéria.

Para os Estados Unidos, os Direitos Humanos e as Liberdades em Cuba é um dos temas mais delicados no processo de restabelecimento de relações.

A CCDHRN é o único grupo que regista e divulga os números relacionados com a repressão política em Cuba. O regime de Havana qualifica os ativistas deste grupo como "contrarrevolucionários" e "mercenários".

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