Em mais um sinal de que sua luta está cada dia mais próxima do fim, o jornalista e psicólogo Guillermo Fariñas, uma da vozes mais ativas da oposição cubana, foi levado nesta quinta-feira às pressas para o hospital Arnaldo Milián Castro, em Santa Clara.

O dissidente iniciou uma greve de fome no dia 24 de fevereiro para protestar contra a morte do também dissidente orlando zapat a e pedir a libertação de outros 26 que estão presos e com problemas de saúde.

11/03 às 18h54 Christine Lages e Luísa Guedes

Amiga de Fariñas, a conhecida blogueira cubana Yoani Sánchez disse que os médicos consideram o estado de saúde do dissidente gravíssimo. Segundo ela, Fariñas está internado na Unidade de Terapia Intensiva, acompanhado da mãe.

- Os médicos não deram mais detalhes e eu não posso vê-lo. Sua mãe está na UTI com ele e o estado de saúde é muito delicado - disse a blogueira ao GLOBO, por telefone.

no dia 3, o corpo de fariñas deu o primeiro grande sinal de fraqueza

O dissidente cubano Guillermo Fariñas, em greve de fome há 16 dias, foi hospitalizado ontem após um novo desmaio. Há uma semana, ele havia sido levado ao hospital pela primeira vez, inconsciente e desidratado.

Fariñas, 48, é jornalista e psicólogo. Ele acumula a experiência de estar em sua 23ª greve de fome.

Fariñas afirma que considerava-se "um filho da revolução" - seu pai lutou com Che Guevara no Congo em 1965 e ele mesmo teria servido na campanha de Angola, em 1981. Ele diz ter se tornado opositor em 1989, depois que o então popular general Arnaldo Ochoa, condenado por corrupção e narcotráfico, foi fuzilado.

O psicólogo, que esteve na cadeia por 11 anos, recebeu visita de médicos do Estado e independentes durante a greve de fome e já havia alertado que só iria ao hospital quando perder a consciência. Havana diz que ele é responsável por sua sorte e que não aceitará chantagens.

"Ele perdeu a consciência às 14h e foi levado de carro ao hospital provincial Arnaldo Milián, onde entrou na sala de cuidados intensivos", disse seu porta-voz, Licet Zamora, à agência de notícias France Presse, de Santa Clara (280km ao leste de Havana), onde mora Fariñas.

O dissidente foi acompanhado por seu médico pessoal, Ismel Iglesias, que disse se tratar de um "choque glicêmico" semelhante ao que Fariñas sofreu no último dia 3.

Pouco antes do desmaio, o diretor de uma clínica do sistema público de saúde visitou Fariñas, acompanhado de outros médicos, e pediu que ele lhe acompanhasse em uma ambulância até uma clínica para um check-up. O dissidente agradeceu o "profissionalismo e humanidade" com que os médicos o trataram, mas insistiu em não deixar sua casa.

Fariñas começou seu protesto há duas semanas para pedir a liberdade de 26 presos políticos cubanos doentes e em protesto pela morte do também dissidente Orlando Tamayo, após quase três meses de greve de fome.

Reuters