A maioria dos cubanos deseja uma mudança no sistema político que permita a realização de eleições multipartidárias, uma maior abertura à democracia e a garantia da liberdade de expressão.

São estas as principais conclusões de uma sondagem realizada de forma secreta pelo Instituto Republicano Internacional (IRI), um grupo que recebe fundos do governo norte-americano e que conseguiu fintar a proibição de realização de inquéritos fora da dependência do governo cubano.

70 por cento dos cubanos inquiridos admitiram esse desejo de mudança, com a percentagem a chegar aos 90 por cento no caso dos jovens entre os 18 e os 29 anos.

Mais de metade (51%) da população garantiu que os seus principais problemas são os salários baixos e o elevado custo de vida e 55% respondeu que não pode haver uma mudança económica sem existirem reformas políticas antes.

Desde que Raul Castro chegou ao poder, em 2008, houve vários sinais de abertura: a autorização da compra e venda de casas, a concessão de licenças para abrir negócios privados e a permissão para obter um telemóvel, por exemplo. No entanto, 85 por cento assegurou que estas reformas não têm beneficiado a população.

Com um salário médio de 19 dólares (cerca de 15 euros) por mês e um aumento de cerca de 20% no preço dos alimentos no último ano, só 23% dos cubanos afirmaram que a situação económica da sua família melhorou no último ano e 27% acredita que a situação vai melhorar no próximo.

Quando Raul subiu ao poder, 27% acreditava que o irmão de Fidel ia melhorar situação da ilha. Esse número desceu para os 19% agora.

A sondagem do IRI abordou outros temas sensíveis. Segundo os dados recolhidos, 40% dos cubanos admitiram que a liberdade de expressão não existe na ilha.

Apenas 4% tem acesso à Internet e 8% tem e-mail, ainda que o consulte com pouca frequência. Segundo os autores da sondagem, este nível de isolamento informático só é ultrapassado pelo Zimbabué e pela Birmânia.

21% dos inquiridos disseram usar telemóvel (sendo que muitos deles partilham, pelo que a percentagem real de existência deste meio de comunicação poderá ser de 10 por cento) e o IRI recorda que no Haiti, um dos países mais pobres do mundo, a taxa de utilização de um telefone pessoal é de 35%.

A sondagem foi feita a 787 cubanos que residem na ilha, entre 29 de fevereiro e 14 de março. A margem de erro é de cerca de 3,5 por cento e o nível de confiança é de 95%.

Tomado de TVI.24 Google Notícias