Ilha com excesso de bagagem Imprimir
Escrito por Fuente indicada en la materia   
Sábado, 09 de Enero de 2010 11:51

Por YOANI SÁNCHEZ

Os cubanos entram pela Aduana General de la República desprovidos de qualquer proteção, onde lhes fazem pagar o preço do retorno. A marca de giz na maleta assinala quem deve passar pelo patíbulo da taxação e pelo assalto institucional do imposto sobre certas mercadorias. Curiosamente os empregados do aeroporto têm o olfato apurado para detectar os nacionais que regressam, pois sabem que estes chegam carregados de objetos variados e incríveis. Fora, na sala de espera, as famílias sonham com o abraço dos seus emigrados e fantasiam com os possíveis presentes, enquanto o viajante tem sua bagagem pesada e lhe mostram uma fatura alta que é obrigado a liquidar.

Poder-se-ia chegar a pensar que num país onde faltam tantos produtos e recursos, a flexibilidade para importá-los - de maneira pessoal - deve caracterizar o processo alfandegário; porém não é assim. Pensando bem vivemos o outro extremo, com um estrito “Listado de valoración interno” que obriga a pagar novamente pelo conteúdo das valises, tanto faz que incluam um sabonete, uma lata de sardinhas ou um laptop. Tudo se complica quando ao promissor viajante ocorre trazer um eletrodoméstico ou uma câmera digital para seus parentes. Se quizer entrar com estes implementos da modernidade deverá tirar do bolso uma quantia que vai de 10 à 80 pesos conversíveis. O que vem a ser como um resgate que se dá aos “sequestradores” do alheio, para que o equipamento possa chegar às mãos dos seus destinatários.

Como uma indústria do saque, as alfândegas cubanas aumentam a cada dia o número do confiscado, ao par que engordam o caixa com milhares de dólares de impostos. Seus grandes armazéns encheram-se de secadores de cabelo, Play Station, fornos elétricos e computadores que eram transportados pelos viajantes. O destino dessas mercadorias nunca é explicado, porém todos sabemos que tomam o caminho verde-oliva de tantas e muitas outras. A Ilha pareceria, se nos guiarmos pelas restrições de entrada, a ponto de submergir pelos kilos da abundância e da prosperidade. Porém todos sabemos que na realidade seus cento e onze mil kilômetros quadrados estão a ponto de naufragar, ante a desvalorização imposta pela improdutividade e pelas carências.

Traduzido por Humberto Sisley de Souza Neto