Fome de Liberdade Imprimir
Escrito por Fuente indicada en la materia   
Lunes, 01 de Marzo de 2010 01:12

Por LUIS LEITÃO

Enquanto o presidente e seu séquito Lula se congratulavam com o comandante Fidel Castro, morria, após 85 dias de greve de fome, o preso político Orlando Zapata Tamayo.

Lula, que ficou detido no DOPS em São Paulo, em 1980, durante meros 29 dias, e fez uma encenação que chamou de "greve de fome", por uma ironia do destino, visitava Cuba exatamente no dia que o preso político Orlando Zapata Tamayo morria de...fome. O homem do fracassado Fome Zero dava as costas ao herói que atribuiu mais valor à liberdade que à vida.

Não deve ser mole morrer de fome. Um tiro impressiona, mas é rápido, misericordioso, até. Mas a fome voluntária de Orlando transcende nossa vã imaginação do que é sofrimento, expõe a pequenez do poderoso, desarma o mais cruel algoz.

Um bilhão de pessoas corre esse risco diariamente, um sexto da humanidade, por falta de opção e oportunidades, mas principalmente pela indiferença geral escondida nas vãs promessas de ajuda financeira descumpridas ano sim, outro também, que não é maior nem menor que a de Lula, nem mais ou menos hipócrita.

Greves de fome, em geral, não passam de chantagens - quantas vezes o leitor soube de alguém que morreu em decorrência de greve de fome? -, maneiras de chamar atenção; têm até um quê de ridículo, como aquela do ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, que chegou a fazer-lhe algum bem ao tornar sua silhueta mais esbelta, ainda que fugazmente.

Esse jejum radical do cubano Orlando Tamoyo foi um suicídio, de certo ponto de vista, mas seu martírio deve ter sido movido por aquele sentimento do "alguém tem que fazer", e ele fez, chamou a atenção para a escandalosamente óbvia torpeza do regime dos Castro. Não revelou nada inédito, à exceção de sua coragem, num forte contraste com a covardia do governo liberticida, sempre festejado por nossa trôpega diplomacia.

A frieza de Lula, a estupidez de Marco Aurélio Garcia, mera repetição do episódio da tragédia de Congonhas - "Há problemas de direitos humanos no mundo inteiro" -, não mais causam espécie. Apenas envergonham o povo brasileiro.

Enfim, Orlando Tamayo morreu de fome; fome de liberdade.

Última actualización el Lunes, 01 de Marzo de 2010 01:15