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Escrito por Fuente indicada en la materia   
Jueves, 18 de Febrero de 2010 15:08

Por YONAI SÁNCHEZ

Planícies, neve, maçãs e o ruído de um machado que cortava a lenha em pedaços desiguais. Dessas imagens e sons alheios nossa infância se nutriu devido a presença excessiva da União Soviética na Cuba dos anos setenta e oitenta. Tiritávamos de frio olhando os desenhos animados checos e búlgaros, enquanto fora o sol do trópico nos recordava que continuávamos no Caribe. Aguns soubemos dizer primeiro “koniec” do que articular o monossílabo “fim”, até que um dia os ursos emigraram, deixando-nos sem os filmes de soldados vitoriosos e mujiques sorridentes.

Depois de 1991 as abundantes tiragens da editora russa MIR só podiam ser encontradas nas livrarias de segunda mão sob o manto empoeirado do abandono. Neste fevereiro, contudo, a Feira Internacional do Livro dedicou sua XIX edição ao país que durante décadas foi mentor e suporte econômico do processo cubano. Os camaradas que anteriormente pagavam pelo nosso açúcar preços astronômicos - enquanto nos vendiam seu petróleo por uma bagatela - retornaram vestidos de terno e gravata. Aterrizaram na iha que uma vez subsidiaram, porém desta vez para comercializar suas obras impressas em cores brilhantes e temáticas alheias ao marxismo.

Na esplanada da Fortaleza de la Cabaña se entrecruzaram as longas filas para comprar os novos títulos chegados do Leste. Meninos aqui e alí folheam as páginas onde aparecem espigas de milho douradas e gente coberta por chapéus com enormes protetores de orelhas. Porém já não é o mesmo. A presença obrigatória que uma vez essa iconografia teve em nossas vidas é, para esses pequeninos de hoje, mera curiosidade pelo exótico. Em suas mentes infantis, os abetos não substituirão as palmeiras nem as raposas as lagartixas; Rússia será para eles só uma região longínqua e diferente.

Traduzido por Humberto Sisley de Souza Neto

Última actualización el Jueves, 18 de Febrero de 2010 15:10