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Escrito por Fuente indicada en la materia   
Jueves, 11 de Febrero de 2010 14:44

Por YOANI SÁNCHEZ

Nos habituamos a cifras manipuladas para cima, ao secretismo quando algo ia mal e a um produto interno bruto que nunca refletia o conteúdo de nossos bolsos. Durante décadas os informativos econômicos tiveram a capacidade de esconder, atrás de páginas cheias de números e análises, a gravidade dos problemas. Entre os diplomados na ciência inexata das finanças, houveram alguns que se atreveram a desmascarar a falsidade de certos números - como Oscar Espinosa Chepe - e foram penalizados com um “plano pijama” de desemprego e estigmatização.

Nesta semana a leitura da análise -séria e bem argumentada - publicada pelo presbítero Boris Moreno na revista Palavra Buena aumentou meu nervosismo sobre o colapso que se avizinha de nós. Com o sugestivo título de “Onde vai a barca cubana? Um olhar no ambiente econômico”, o autor nos alerta sobre a queda - vertiginosa - do estado material e financeiro da Ilha. Palavras que deveriam aterrorizar-nos, não fosse porque os ouvidos se nos tornaram um tanto impermeáveis às más notícias, de tanto mergulharmos nas águas da improdutividade e da escassez.

Concordo com o Mestre em Ciências Econômicas em que a primiera e mais importante medida a ser tomada é o “compromisso formal do governo em reconhecer a capacidade de opinar de todos os cidadãos sem que isto implique em represálias de nenhum tipo. Deveríamos eliminar de nosso ambiente os qualificativos que restringem o intercâmbio de ideias e opiniões”. Depois de ler isto pensei na minha vizinha, contadora aposentada, dizendo em voz alta seus critérios sobre a necesidade de permitir a empresa privada sem que isto lhe granjeie um comício de repúdio em frente a sua porta. Dá trabalho planejar algo desse tipo, já o sei, porém acaricio a ideia de que algum dia - sem temor de que sejam acusados de “mercenários a soldo de uma potência estrangeira” - milhares passarão a fazer seus balizamentos e a pedir soluções. Que enorme capital Cuba recuperará!

Ainda que as arcas não se encham com propostas e arrazoados, nossa experiência mostra que o voluntarismo e as exclusões só contribuiram para esvaziá-las.

Traduzido por Humberto Sisley de Souza Neto

Última actualización el Jueves, 11 de Febrero de 2010 14:46