Existe substituto para Chávez? Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Domingo, 07 de Agosto de 2011 12:58

Existe substituto para Chávez na Venezuela?

Presidente retorna para Cuba para se tratar de um câncer e deixa o futuro político do país indefinido
Hugo Chávez voltou para Cuba para tratamento / Foto: Juan Barreto/AFP
Hugo Chávez voltou para Cuba para tratamento Foto: Juan Barreto/AFP
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A recente ausência do presidente venezuelano Hugo Chávez para o tratamento de um câncer em Cuba e a nova viagem que ele realizou no sábado para o mesmo país para dar continuidade à luta contra o câncer suscita questões a respeito do futuro político na Venezuela.

O fato de Chávez ter decidido comandar o país a partir de Havana durante sua ausência e de ter delegado apenas parte de suas funções ao vice-presidente Elías Jaua mostrou o quanto o poder na Venezuela está concentrado nas mãos de apenas um líder.

Para Cristina Pecequilo, doutora em Ciência Política pela USP e Professora de Relações Internacionais da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a situação política da Venezuela neste momento é bastante instável.

“O grande problema da Venezuela, principalmente para o Hugo Chávez, é que no ano que vem tem a previsão de realização de uma eleição, e o país continua polarizado entre as forças populares e políticas que apoiam ele e as forças que são o contrário”, explica.

A volta de Chávez após a realização de uma cirurgia em Cuba teria sido, assim, uma forma de reafirmar seus objetivos para o eleitorado e de organizar minimamente o cenário politico.

“A volta dele dá a mostra de que haverá uma preocupação muito grande com a continuidade eleitoral. Ele voltou para dar uma aparência para a população de que, para os que o apoiam, ele está doente mas continua combatendo e, para os adversários, que ele está ainda acompanhando o processo”, afirma Cristina.

Oposição

Apesar da brecha deixada por Chávez durante sua breve ausência, a oposição do país não teve tempo suficiente para se organizar e acabou reagindo de forma muito tímida. “Essa brecha não permitiu uma reorganização rápida, tanto que foi por isso que ele voltou, para tentar ser o articulador político desse processo e tentar reordena-lo. Então a oposição ainda está um pouco perdida”, estima a cientista política.

De seu lado, Chávez afirma que não haverá transição no governo e dá a entender que se candidatará às eleições de 2012.  “A oposição e a contrarrevolução andam tramando por aí, dizendo que Chávez já está acabado, que está morrendo, que tem que entregar (o poder), que virá uma transição antes das eleições (...) Se Deus quiser e com a vontade que temos vamos superar tudo isso", afirmou Chávez em entrevista à imprensa local.

Eleições

O cenário para as eleições presidenciais da Venezuela para o ano que vem ainda é incerto e, por enquanto, não existem sucessores para Chávez nem do lado da oposição, nem dentro do partido do presidente.

Embora o vice-presidente atual de Chávez já tenha sido estimado para sucedê-lo, ele não é bem visto por facções de dentro partido chavista, por ser considerado ainda mais radical que o presidente. Assim, a escolha de um sucessor ainda é indefinida.

“Essa questão não está decidida porque o Chávez sempre centralizou muito o poder no partido. Então, de certa forma, existe uma desarticulação tanto na oposição quanto na própria situação. Os dois lados estão desarticulados e polarizados”, afirma Cristina.