Israel ante Lula, critica Brasil por Irã Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Martes, 16 de Marzo de 2010 11:50

Situação e oposição se uniram no parlamento para dizer que presidente brasileiro não pode legitimar o regime dos aiatolás

Uma primeira proeza o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já conseguiu em sua viagem ao Oriente Médio: uniu oposição e situação ontem na Knesset (o parlamento de Israel) para pressioná-lo a abandonar a política de aproximação com o Irã. Os israelenses pediram, durante sessão especial no Legislativo, que o presidente brasileiro defenda novas sanções contra Teerã.

A sessão ocorreu para homenagear Lula. E, na presença do brasileiro, o presidente do parlamento, Reuven Rivlin, advertiu que “os países devem acordar da sonolência e enfrentar as bases satânicas do regime dos aiatolás”.

– Peço a você: una-se aos países que já reconheceram esse perigo e apoie as sanções. Ser contra as sanções pode ser visto como um sinal de fraqueza diante de líderes como esses, que não têm freios. A história mostra, Deus nos livre, o que pode acontecer se não tomarmos medidas contra essas ameaças iranianas – afirmou Rivlin.

O apelo foi reforçado a Lula pelo próprio primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, que insistiu na adesão do Brasil a uma “frente moral” para evitar a ameaça iraniana.

– Peço e espero que o Brasil apoie a frente internacional que está se cristalizando contra o armamentismo do Irã. Eles têm valores diferentes dos nossos e usam da crueldade. Eles adoram a morte, e vocês, brasileiros, adoram a vida – disse ele.

A líder da oposição na Knesset, Tzipi Livni, defendeu o isolamento do Irã, pela aplicação de sanções, e sua expulsão das Nações Unidas, uma vez que o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, prega a eliminação de Israel. Livni, que foi chanceler de Israel entre 2006 e 2009, afirmou que o Irã se aproveita da aproximação com a América Latina para driblar o isolamento.

– O Brasil não pode dar legitimidade ao Irã. É preciso uma decisão enérgica e corajosa agora – afirmou.

Lula defende Estado palestino

Em seu discurso, Lula não chegou a mencionar a palavra Irã, país que deve visitar em maio. Acentuou que a América Latina firmou um tratado que tornou a região livre de armas nucleares e que o Brasil adota a proibição constitucional à produção e ao uso de armamento atômico.

– Gostaríamos que o exemplo de nosso continente pudesse ser seguido em outras partes do mundo – afirmou.

Como era esperado, Lula defendeu a intermediação brasileira para as negociações de paz e a criação de um Estado palestino ao lado de Israel:

– Defendemos a existência um Estado de Israel soberano, seguro e pacífico. Ele deverá conviver com um Estado palestino igualmente soberano, seguro e pacífico.

Lula fez referência a iniciativas de paz que superem tradicionais caminhos diplomáticos, defendeu a “ampliação de interlocutores” nas negociações – o Brasil se oferece como mediador – e até apelou para a compaixão:

– Ninguém pode ficar insensível. Para resolver situações, é necessário construir alternativas racionais e duradouras. Mas não é suficiente colocar apenas a cabeça para funcionar, é preciso que o coração esteja presente, é fundamental a compaixão.

Já reagindo ao anúncio do governo israelense de que não suspenderá as construções em Jerusalém Leste (veja reportagem nesta página), Lula disse que a iniciativa gera um “impasse” que agrava as condições de vida nos Territórios Palestinos, “alimenta o fundamentalismo de todos os lados e coloca no horizonte conflitos ainda mais sangrentos”. Os parlamentares israelenses aplaudiram Lula de pé.

Hoje, Lula visita o Museu do Holocausto e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.

Última actualización el Martes, 16 de Marzo de 2010 12:17