Calderón diz que Cuba e México voltaram a ser amigos Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Domingo, 15 de Abril de 2012 12:18
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O presidente mexicano, Felipe Calderón, declarou na quinta-feira, ao final de uma visita a Cuba, que os dois países voltaram a ser amigos, após anos de atritos.

Falando a jornalistas pouco antes de embarcar para o Haiti, Calderón disse que os problemas do passado foram superados, e que os novos acordos de cooperação em áreas como petróleo e saúde são prova disso.

Ele também criticou o embargo econômico dos EUA contra Cuba, em vigor há 50 anos.

“Por meio desta visita oficial, Cuba e México iniciaram um estágio renovado do nosso relacionamento”, disse Calderón no aeroporto de Havana. “Foram dois dias extraordinários para Cuba e para o México no sentido de que seu afeto mútuo foi reencontrado.”

Calderón se reuniu na quarta-feira com o presidente Raúl Castro, no que descreveu como “um diálogo franco, aberto, adequado aos líderes de dois países irmãos”. Não ficou claro também se ele se reuniu com o ex-presidente Fidel Castro, que esteve exilado no México antes de comandar a revolução que tomou o poder em 1959 e implantaria o comunismo em Cuba.

Durante décadas, os dois países mantiveram relações amistosas, até que em 2000 o conservador Vicente Fox foi eleito presidente no México, iniciando uma série de atritos. Em 2002, por exemplo, Fox aceitou que Fidel participasse de uma cúpula diplomática no México, mas determinou que ele fosse embora antes da chegada do então presidente dos EUA, George W. Bush.

Em 2009, Calderón, que sucedeu Fox em 2006, cancelou uma visita a Cuba depois que o governo da ilha suspendeu os voos regulares entre os dois países, por causa do surto de gripe suína que se espalhou a partir dos EUA e México.

Agora, Calderón disse que ele e Raúl decidiram “aumentar o comércio e os investimentos”, e também a cooperação em saúde, educação, cultura e esportes. Um dos acordos assinados é uma carta de intenção, sem valor vinculante, para que a estatal petrolífera mexicana Pemex examine “a possibilidade de participar e investir na prospecção e exploração de hidrocarbonetos” nas águas cubanas do golfo do México.

Um consórcio comandado pela espanhola Repsol YPF atualmente perfura o primeiro poço nessa região, onde Cuba diz haver reservas de 20 bilhões de barris de petróleo. O Departamento de Pesquisas Geológicas dos EUA estima que as reservas sejam de apenas 5 bilhões de barris.

Jorge Piñon, especialista em petróleo cubano na Universidade do Texas, disse que a Pemex não tem capital nem tecnologia para ajudar Cuba a desenvolver seu setor petrolífero. “Se fizerem isso, seria totalmente político”, afirmou.

A imprensa mexicana disse que Calderón e Raúl também discutiriam a dívida de Cuba com o México, superior a 400 milhões de dólares. Calderón, no entanto, não fez menção a isso.

Depois de visitar o Haiti, Calderón seguirá para Cartagena, na Colômbia, onde participa da Cúpula das Américas.

A visita de Felipe Calderón: os quatro eixos da relação México-Cuba

A análise
Arturo López Levy

Arturo López Levy

(Especial para Infolatam).- “…Para que o México possa ser ponte na relação triangular com Washington e La Habana, é necessário que em seu vértice convirjam relações cordiais com os dois adversários. A recente Cúpula da América do Norte, a inícios de Abril, em Washington se focalizou nas relações trilaterais, mas serviu também de prelúdio a VI Cúpula das Américas, onde a exclusão de Cuba da reunião é o tema mais dramático. Não é impensável que Calderón porte uma mensagem de Washington a Cuba ou vice-versa.”

Reuters
Havana, 12 de abril de 2012