DIVERGÊNCIAS ARREFECEM DEBATE ENTRE EVO MORALES E DIRIGENTES INDÍGENAS Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Lunes, 24 de Octubre de 2011 12:16

LA PAZ, 21 OUT (ANSA) - O presidente da Bolívia, Evo Morales, lamentou que o movimento indígena tenha se negado novamente a dialogar com o governo e programado um ato público na Praça das Armas, a principal de La Paz, localizada em frente à sede governamental.

As duas partes arrefeceram suas opiniões na noite de ontem, de forma que o diálogo ficou suspenso 48 horas após a marcha indígena chegar à capital, onde milhares de manifestantes foram recebidos como heróis.

Morales afirmou que "até agora temos esperado com muita humildade aos irmãos da marcha" sem que eles tivessem se apresentando, primeiro à vice-Presidência e depois ao Palácio de governo.

Os dirigentes indígenas se negaram a participar do encontro alegando primeiramente que o governo afirmou reiteradas vezes que Morales se reuniria com eles apenas na sede presidencial quando chegassem à capital.

O dirigente indígena Fernando Vargas disse na ocasião que a negativa era uma "expressão de soberba" do chefe de Estado, "que nem sequer saiu ao balcão [do Palácio Quemado] para saudar a marcha".

Após Morales afirmar que os receberia na sede do governo, eles recusaram o convite novamente, pedindo que o diálogo fosse público e que pudesse ser transmitido por telões aos manifestantes que se encontram na praça localizada na frente do Palácio, onde estão concentrados.

O presidente reiterou que a reunião com os indígenas não deve ter caráter político e que deve acontecer a portas fechadas pois precisa contar com a participação de juristas, economistas e apoio técnico. "Fazemos o mesmo com outros setores", disse.

Pouco antes da declaração feita por Morales na noite de ontem, o governo enviou uma carta destinada ao grupo dizendo não considerar "pertinente" a instalação na praça por que este "não se trata de um debate político".

O dirigente indígena Fernando Vargas afirmou, em resposta, que convocou a população a se solidarizar com a manifestação "porque o governo tem intenções de tirar-nos a força" da praça com ajuda da força policial.

Há mais de 20 dias, a polícia tentou dispersar a marcha reprimindo os indígenas enquanto eles montavam um acampamento. Porém, a violência policial provocou indignação popular e fez com que o próprio presidente condenasse a ação.

A marcha indígena foi iniciada em 15 de agosto contra a construção da rodovia Villa Tunari-San Ignácio de Moxos, que cortará ao meio a maior reserva ecológica do país, o parque Nacional Ibisoro Sécure. (ANSA)
21/10/2011 13:24