A dura vida dos homossexuais em Cuba é destaque em festival de cinema do Rio Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Lunes, 10 de Octubre de 2011 10:52

Evaldo Mocarzel é diretor do documentário Cubra Libre

A programação do 13º Festival do Rio oferece pistas de que a ditadura cubana ainda não terminou. Basta checar, por exemplo, o documentário Cuba Libre, de Evaldo Mocarzel, que tem sessões neste domingo (9), às 13h30 e 18h10, no Estação Vivo Gávea. O filme do premiado documentarista fluminense é uma radiografia da sociedade cubana atual pelos olhos da atriz transsexual Phedra D. Córdoba, estrela das casas de show de São Paulo, que volta à Havana 53 anos depois de deixar o país.

"Nos primeiros anos da revolução cubana, os homossexuais foram confinados em campos de concentração, para cortar cana e isso destruiu a vida de muita gente, inclusive de artistas, como o escritor Reynaldo Arenas (retratado no filme Antes do Anoitecer, de Julian Schnabel). Uma das grandes transformações da sociedade cubana contemporânea foi provocada por um decreto de aceitação dos homossexuais em Cuba, baixado por Mariela Castro, filha do atual ditador Raúl Castro. "Tudo continua clandestino naquela sociedade machista, mas os gays estão saindo do armário, mostrando a cara, reivindicando seus direitos. O documentário pega carona nesse momento divisor de águas no país", explica Mocarzel ao site de VEJA.

Neste novo momento cubano, Phedra, integrando do grupo teatral Satyros, foi recebida como uma diva pelo ministro da Cultura de Cuba. "O filme é a história da atriz, tendo esse instante político como pano de fundo. É interessante lembrar que há poucos meses, Fidel Castro, que está afastado do governo por motivos de saúde, pediu desculpas aos gays pelos maus-tratos infligidos a eles os primeiros anos de seu governo revolucionário", lembra o diretor, coautor, com Walter Carvalho, de Raul: O Início, o Meio, e o Fim, documentário que encerará o festival, no dia 18.

Já o documentário Carta Para o Futuro, de Renato Martins, outra atração da maratona, que ganha sua primeira projeção pública neste domingo, às 15h, no Cine Odeon, traça um retrato do país recriado por Fidel e Che Guevara a partir dos depoimentos dos integrantes de quatro gerações de uma mesma família. O filme começou a tomar forma em 2003, quando Martins e o fotógrafo Lula Carvalho (filho do renomado diretor de fotografia Walter Carvalho) desembarcaram em Havana com uma câmera e tiveram a chance de ficar hospedados em uma casa de família por algumas semanas.

A mostra continua em Juan dos Mortos, de Alejandro Brugés, o primeiro filme de zumbis produzido no país, que ganha suas duas últimas sessões neste domingo (9), às 13h e às 19h30 , no Estação Sesc BarraPoint 1. Misto de comédia social e história de terror, o filme fala sobre Juan, um quarentão sem emprego que de repente vê Havana ser tomada por mortos-vivos e cria uma companhia de extermínio para ganhar algum dinheiro com a situação.

"Juan dos Mortos combina referências de filmes de terror que admiro com os problemas reais que temos na ilha, onde as pessoas que andam pelas ruas de Havana como zumbis", explicou Brugés, de 35 anos. "A ideia para o filme nasceu de uma conversa com um de meus sócios na minha produtora. De repente vimos um homem na rua que caminha de maneira apática pela rua, como um zumbi. Olhamos um para o outro e gritamos: 'Este será o nosso próximo filme!'. Todos os filmes americanos do gênero têm um subtexto social, tocam em temas pertinentes à sua época".

Última actualización el Lunes, 10 de Octubre de 2011 11:04