Bolsonaro pediu para CPMF não entrar na reforma tributária, diz Guedes Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Sábado, 14 de Septiembre de 2019 22:36

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta-feira (13) que o presidente Jair Bolsonaro telefonou para ele do hospital, "entubado", para dizer que não quer a criação de uma nova Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira (CPMF).

O ministro da Economia, Paulo Guedes, fala a jornalistas estrangeiros em entrevista coletiva no Rio de Janeiro — Foto: Sergio Moraes/Reuters

"Estávamos simulando um imposto de transação financeira, só que o presidente sempre foi contra esse imposto e pediu pra não colocar", afirmou Guedes em entrevista a correspondentes estrangeiros no Rio de Janeiro, da qual a Reuters participou.

 

O ministro confirmou que a equipe econômica trabalhava com uma alíquota de 0,4% para o tributo sobre pagamentos, mas, mostrando irritação, afirmou que os números não deveriam ter sido levados a público ainda.

Apesar de reforçar a posição do presidente contrária ao imposto sobre pagamentos, Guedes afirmou que o tributo viabilizaria uma redução do Imposto de Renda, do IVA "e outros".

Segundo Guedes, o ex-secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, exonerado esta semana, já havia pedido para deixar o cargo "inúmeras vezes" por achar que estava atrapalhando o governo.

"Eu dizia: se você tiver que cair um dia que caia junto com o imposto", afirmou Guedes, acrescentando que Cintra é um "homem extraordinário e um parceiro de trabalho".

O ministro reafirmou que a reforma tributária tem como três pilares a criação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) federal, mudanças no Imposto de Renda e a desoneração da folha de pagamentos.

Ao ser questionado novamente pelos jornalistas sobre a CPMF, o ministro disse que não falaria mais sobre o assunto. "O último que falou sobre isso foi demitido", afirmou.

A exoneração de Marcos Cintra do cargo de secretário da Receita Federal foi publicada na noite desta quinta-feira (12) em edição extra do "Diário Oficial da União". A demissão de Cintra foi confirmada um dia depois da divulgação pelo secretário-adjunto da Receita, Marcelo de Sousa Silva, de um imposto nos moldes da extinta CPMF.

Bolsonaro teria ficado insatisfeito quando soube da apresentação feita pelo secretário-adjunto. Essa exposição pública de uma proposta ainda em discussão resultou na demissão de Marcos Cintra.

Teto de gastos

Guedes afirmou, ainda, que é "fake" a informação de que o Bolsonaro quer derrubar a regra do teto de gastos. "Bolsonaro está 100% fechado comigo no teto de gastos", afirmou Guedes.

No início do mês, Bolsonaro defendeu a preservação do teto de gastos, afirmando que ceder nessa questão seria "abrir uma rachadura no casco do transatlântico".

Um dia antes, em entrevista coletiva, Bolsonaro havia sido questionado se o governo poderia flexibilizar a regra e respondeu que "é uma questão de matemática" já que as despesas obrigatórias têm aumentado.

Crescimento da economia

Ao comentar o desempenho da atividade doméstica, Guedes afirmou que, com o avanço das reformas, há chance de o Produto Interno Bruto (PIB) do país crescer até 2,5% em 2020.

"Quem fez o Orçamento do ano passado foi o outro governo, eles botaram (crescimento de) 2,5%, e eu sabia que não ia ser 2,5% porque não fizemos as reformas. Agora, sim, fizemos as reformas e quem sabe ano que vem vai ser 2,5%", disse Guedes.

"Eu por exemplo acho que tem uma boa chance de o país se mover bem ano que vem. (Pode ser crescimento de) 2,5%, pode ser 1%, 1,5%, não sei", ponderou. Para este ano, ele diz não ter certeza se o crescimento será de 0,8% ou 1%.

"Podem nos dar um ano ou dois para consertar a economia?", questionou o ministro.

Economistas projetam um crescimento de 0,87% para 2019 e de 2,07% para o próximo ano, segundo o último relatório Focus do Banco Central com estimativas do mercado.

Guedes reafirmou, ainda, que o governo está comprometido com a abertura da economia e, nesse contexto, voltou a dizer que não compactuará com eventuais pressões por uma possível mudança de rumo do Mercosul no caso de vitória da oposição nas eleições presidenciais argentinas.

"Seja quem for o presidente da Argentina, se quiser abrir o Mercosul estaremos juntos, mas, se quiser o Mercosul como instrumento ideológico para permanecer fechado como foram os últimos 30 anos, não queremos", afirmou.

 

G1 GLOBO

Última actualización el Jueves, 19 de Septiembre de 2019 05:14