Ex-ministro (de Lula) Antonio Palocci diz em delação que Dilma 'deu corda' para Lava Jato implicar Lula Imprimir
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Sábado, 19 de Enero de 2019 01:38

Palocci indica ruptura entre Lula e Dilma e tentativa de 'sufocar' o ex-presidente para que não concorresse à presidência em 2014.

Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff — Foto: Reprodução/TV Globo e André Coelho/Agência O Globo

O ex-ministro Antonio Palocci disse em um dos depoimentos prestados em agosto de 2018 em delação premiada, tornado público nesta sexta-feira (18), que a ex-presidente Dilma Rousseff "deu corda" para que as investigações da Operação Lava Jato implicassem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"A respeito da ruptura entre Lula e Dilma, recorda-se o colaborador que, durante o crescimento da Operação Lava Jato, Dilma deu corda para o aprofundamento das investigações, uma vez que isso sufocaria e implicaria Lula", diz o termo de colaboração.

Dilma classificou a versão de Palocci como fantasiosa e disse que não passa de uma tentativa de fazer intriga entre ela e o ex-presidente. A assessoria de imprensa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou as acusações feitas em delação.

O termo complementar de depoimento, prestado após a homologação da delação pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), foi anexado em inquérito da Polícia Federal (PF) sobre a Usina de Belo Monte, no Pará.

Segundo o documento complementar, ao permitir o avanço da Lava Jato, Dilma tentava "sufocar" Lula para que ele desistisse de concorrer à presidência em 2014.

Por outro lado, conforme o depoimento, Lula relembrava a Dilma que ela era a presidente do Conselho de Administração da Petrobras à época de grande parte dos fatos apurados pela operação.

Segundo ele, o ex-presidente recordava Dilma disso em diversas reuniões no Instituto Lula na presença de dezenas de pessoas.

Palocci resumiu a ruptura entre Lula e Dilma em três motivos:

  • Nomeação de Graça Foster para o comando da Petrobras;
  • Mudança do financiamento de campanhas do PT centrado no partido e não em Lula;
  • Construção da Usina de Belo Monte;

Na visão de Palocci, Lula era um ex-presidente dominante que queria manter o controle do governo e preparar sua volta, enquanto Dilma queria renovar o mandato. Ele ressalta no depoimento que Dilma não pode ser isentada de eventuais irregularidade.

“Foi a própria Dilma quem disse: ‘Nós podemos fazer o diabo quando é a hora da eleição’; que, em outras palavras, Dilma permitia que fossem feitas arrecadações ilícitas durante os períodos eleitorais”, diz um trecho do termo complementar.

Segundo Palocci, Lula tinha outro tipo de moral e que a única preocupação do ex-presidente era preservar a própria imagem, se afastando em momentos de ilicitudes e construindo versões que o isentavam de irregularidades.

“Para ele [Lula], o financiamento ilícito e contribuições empresariais vinculadas ou não a projetos não lhe causavam o menor constrangimento”, afirma o ex-ministro no termo.

Palocci relatou ainda que fez a seguinte pergunta ao ex-presidente durante o andamento da Lava Jato: “Por que você não pega o dinheiro de uma palestra e paga o seu triplex?”.

A resposta foi: “Um apartamento na praia não cabe em minha biografia”.

Ainda de acordo com as declarações do ex-ministro, Lula acreditava que, “ao manter distância e fechar os olhos para ilicitudes, tapava também os olhos da Justiça para seus próprios bens”.


G1 GLOBO


Última actualización el Martes, 22 de Enero de 2019 06:32