Por que os cubanos precisam romper com a ditadura castrista Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Martes, 09 de Enero de 2018 14:32

No dia 20 de dezembro, um grupo de artistas e ativistas preparavam uma performance chamada "Psychosis" em Havana. A narrativa se desenvolvia ao redor de uma pessoa que mostra sintomas de loucura, trancada em um espaço pequeno, querendo sair.

Raúl Castro, de 86 anos, já é presidente há uma década e deve se afastar do cargo em abril. | IVAN SEKRETAREVAFP

A peça foi inspirada pelos eventos que aconteceram em 2010 em um hospital psiquiátrico de Havana, onde 26 pacientes morreram de fome e frio. A história é também uma metáfora sobre o regime de Fidel e Raúl Castro, que governaram a ilha por quase seis décadas de intolerância e liberdade de expressão. A performance apresentava alusões a Raúl Castro e usava termos como "ditadura".

 

Como era previsível, autoridades apareceram e prenderam as pessoas antes da realização da performance. O diretor foi detido temporariamente, assim como o ator principal. A ativista Lia Villares também foi presa. Quando foi liberada no dia 22 de dezembro, ela disse ter deixado uma mensagem gravada nas paredes da cela: "Arte Sim, Censura Não. Eu sou livre". Ela foi multada por ter danificado as paredes. As autoridades a alertaram fortemente a não apoiar mais o Cuba Decide.

 

O Cuba Decide é um movimento que defende a realização de um plebiscito, para que a população cubana decida se quer eleições livres e liberdade de discurso em Cuba. Ele é liderado por Rosa María Payá Acevedo, cujo pai, Oswaldo Payá, conduziu o Projeto Varela, que buscava os mesmos objetivos há alguns anos. Claramente, o regime Castro não gosta da ideia de deixar que os cubanos decidam algo sobre seu próprio futuro.

Oswaldo Payá, morto em 2012 em um acidente de carro mal explicado, fundou o Movimento Cristão de Liberação em Cuba. O coordenador atual do movimento, o médico Eduardo Cardet, foi preso em novembro de 2016 por criticar Fidel Castro alguns dias depois da morte do líder. Recentemente, o médico foi movido para uma famosa prisão da Havana e torturado.

Foi assim que Fidel e Raúl Castro mantiveram o poder por tantos anos: com força e punhos. Mas a era Castro está em uma encruzilhada. Raúl Castro, de 86 anos, já é presidente há uma década e deveria se afastar esse ano, no fim do seu segundo mandato. Recentemente, ele adiou sua saída de fevereiro para abril e, mesmo quando não for mais presidente, vai reter o poder atuando como secretário geral do Partido Comunista.

Suas reformas econômicas modestas, que permitiriam atividades limitadas fora do controle do estado, estão paralisadas, enquanto o governo lida com o colapso que sofreu em sua relação comercial de compra de petróleo da Venezuela. Esperanças de relações melhores com os EUA e de investimentos e turismo estrangeiros também diminuíram com as ações recentes do Presidente Donald Trump. Agora, Castro está olhando para Rússia em busca de petróleo e alívio.

O que Cuba precisa não é outro Castro ou um clone deles para prolongar as privações do socialismo e da ditadura. O que as pessoas da ilha precisam é uma chance genuína de decidir o próprio futuro, no qual possam encenar uma peça chamada "Psychosis" sem medo ou prisões.

GAZETA DO POVO, tomada de The Washington Post Tradução de Gisele Eberspächer

Última actualización el Viernes, 12 de Enero de 2018 13:58