CARACAS — O órgão eleitoral da Venezuela decidiu realizar uma simulação da votação para uma Assembleia Constituinte no mesmo dia em que a oposição fará um referendo não oficial para consultar os cidadãos sobre o plano do presidente Nicolás Maduro para a reforma constitucional.

No próximo domingo, os dois lados da guerra política que toma conta do país prometem montar as urnas após mais de três meses de protestos violentos. A oposição acusa Maduro de tentar oficializar uma ditadura através das mudanças na Constituição.

A votação oficial para a Constituinte está marcada apenas para 30 de julho, num processo veementemente rechaçado pelos críticos de Maduro. Em reação, a oposição — que se recusou a apresentar candidatos à eleição da Constituinte — já havia convocado, há alguns dias, a sua própria votação, que antecederia a votação oficial para desafiar o governo Maduro.

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão eleitoral venezuelano, haverá mais de 1.150 pontos de votação em todo o país. O objetivo seria mostrar aos cidadãos como será a votação oficial do fim do mês.

Enquanto a Venezuela se vê numa grave crise política, os protestos pelas ruas já deixaram cerca de 90 pessoas mortas. Os atos convocados pela oposição são frequentes alvos de repressão policial. Nesta segunda-feira, um menor de 16 anos morreu e nove militares ficaram feridos durante o bloqueio de ruas pela oposição. Os apoiadores de Maduro também saem às ruas para demonstrar sua simpatia ao governo.

Procurando evitar uma abstenção em massa na votação oficial, Maduro vem pressionando os funcionários públicos a participar da eleição da Constituinte. Ele prometeu localizar os funcionários de todas as instituições e empresas estatais, organizando mecanismos para que seja verificado que os trabalhadores participaram de fato.A Venezuela tem cerca de 2,8 milhões de funcionários públicos, uma considerável parte da população de 30 milhões de pessoas.