Apoiadores de Maduro invadem com violencia sede do Parlamento venezuelano; há feridos Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Jueves, 06 de Julio de 2017 12:24

Um grupo de apoiadores do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, entrou nesta quarta-feira (5) na sede do Parlamento, que é controlado pela oposição. Deputados, seguranças e jornalistas ficaram feridos na ação. Os grupos cercaram o prédio e os deputados ficaram presos no local. A ocupação durou cerca de nove horas e o local só foi liberado por volta das 20 horas.


Os deputados realizavam uma sessão especial por conta do Dia da Independência, quando dezenas de pessoas, algumas encapuzadas e armadas com pedaços de madeira, invadiram o Palácio Legislativo pelos jardins, detonando fogos de artifício. Houve pânico no local, de acordo com a agência France Presse.

 

O deputado Luis Florido, que estava dentro do Parlamento, disse em entrevista à GloboNews que também foram lançados morteiros e pedras contra o edifício.

Durante a invasão, o presidente Nicolás Maduro participava de um desfile militar pelo dia da independência, a oeste da capital. Em discurso, ele condenou o ataque ao Parlamento: "Condeno absolutamente os fatos. Nunca vou ser cúmplice de fato de violência", afirmou.


Feridos

O deputado Américo de Grazzia foi retirado ferido da Assembleia Nacional e levado a um hospital.

O parlamentar Armando Armas também ficou ferido no incidente. "Por mais que nos agridam, não vamos abandonar essa luta", afirmou Armas em sua conta no Twitter.

Em um vídeo publicado pelo colega Luis Florido, Armando afirma que foi atingido pelas costas. "Quero deixar claro que não temos medo. Estamos dispostos a sangrar, a morrer, dedicando nossa vida ao serviço público", afirma.

No mesmo vídeo, Florido mostra Américo de Grazzia recebendo atendimento médico em uma maca dentro do Parlamento. "Aqui ninguém vai desanimar. Estamos bem, vamos seguir e frente, vamos recuperar a república, o país, a democracia, tudo", diz. "Temos que sair dessa barbárie e temos que sair todos juntos", afirma.

A crise política venezuelana se encontra em uma fase de alta tensão por protestos da oposição que deixaram 91 mortos em três meses e pela convocação de uma Assembleia Constituinte, por parte do presidente Nicolás Maduro.

Sessão especial

A sessão especial desta quarta, que não estava prevista na agenda do Legislativo, foi liderada pelo vice-presidente Tareck El Aissami, que chegou acompanhado do ministro da Defesa e chefe da Força Armada, Vladimir Padrino López, assim como de membros do gabinete e de partidários chavistas.

El Aissami fez um discurso de cerca de 15 minutos, no qual acusou a oposição de "sequestrar" o Poder Legislativo. Os adversários de Maduro dominam a Casa, com folga, desde sua esmagadora vitória nas urnas em dezembro de 2015.

"Estamos precisamente nas instalações de um poder do Estado que foi sequestrado pela mesma oligarquia que traiu Bolívar e sua causa", disse o vice-presidente, deflagrando aplausos dos convidados.

O vice El Aissami advertiu que Maduro não se renderá, nem cederá em seu propósito de levar a Constituinte adiante. "Aqui está um presidente digno que nunca se renderá, nem permitirá que a Venezuela seja colônia de qualquer potência estrangeira", declarou.


Mercosul e EUA condenam

Os chanceleres do Mercosul divulgaram uma nota em que condenam o ataque ao Parlamento. "Tais fatos, precedidos de uma intervenção de altas autoridades do Poder Executivo, sem prévio acordo com as autoridades legislativas, constituem um avassalamento do Poder Executivo sobre o Poder do Estado, inadmissível no marco da institucionalidade democrática", diz o comunicado.

A nota pede ainda que o governo de Maduro "ponha fim imediatamente a todo discurso e ações que incentivem uma maior polarização, com o consequente crescimento da violência e garanta o respeito aos direitos humanos, a separação dos poderes e a vigência ao Estado de Direito".

Os Estados Unidos também divulgaram uma nota condenando o ataque. "Essa violência, executada durante a celebração da independência da Venezuela, é um assalto aos princípios democráticos valorizados por homens e mulheres que lutaram pela independência do país há 206 anos", declarou a porta-voz do departamento de Estado Heather Nauert.

"Convocamos o governo venezuelano a providenciar imediatamente proteção à Assembleia Nacional, a garantir que aqueles feridos no ataque de hoje possam receber cuidados médicos e a apresentar os culpados à justiça. Instamos todos os lados na Venezuela a evitar a violência", prossegue o comunicado.

GI GLOBO

Última actualización el Lunes, 10 de Julio de 2017 11:58