OEA convoca reunião com mediadores para debater o estado da democracia na Venezuela Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Viernes, 17 de Junio de 2016 12:01

A Organização dos Estados Americanos (OEA) convocou nesta quarta-feira (15) a sessão de seu Conselho Permanente para a próxima terça (21), em Washington, dois dias antes da reunião já pautada para debater o estado da democracia na Venezuela.

A reunião de 21 de junho tem "o objetivo de receber os senhores ex-presidentes José Luis Rodríguez Zapatero [Espanha], Leonel Fernández [República Dominicana] e Martín Torrijos [Panamá]", informa um documento da OEA obtido pela AFP durante a Assembleia Geral da organização em Santo Domingo.

 

O trio promove um diálogo entre a oposição e o governo venezuelanos, a pedido a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Esse diálogo foi posto sobre a mesa como uma alternativa, depois que o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, invocou a Carta Democrática Interamericana em 31 de maio passado.

Já estava programada a sessão do Conselho Permanente de 23 de junho, na qual os 34 membros da OEA decidirão se implementam - e, em caso afirmativo, em qual medida - a Carta Democrática.

A ministra venezuelana das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, informou ontem que havia pedido a realização de uma sessão prévia - a do dia 21 - "para levar novamente a verdade da Venezuela".

"Apoiamos a conversa que vamos ter com os três ex-presidentes", disse o embaixador dos Estados Unidos na OEA, Michael Fitzpatrick, em entrevista coletiva. "São os próximos passos", completou.

'Agregar valor'
Uma fonte da OEA disse à AFP que essa sessão é vista por Almagro como "um passo que talvez possa agregar valor à reunião do dia 23, no sentido de que os ex-presidentes forneçam informação nova sobre o avanço que fizeram".

"Me parece muito positiva", acolheu o chanceler chileno Heraldo Muñoz, também em coletiva de imprensa, referindo-se à reunião.

A Assembleia Geral da OEA está reunida desde segunda-feira (13) para discutir o desenvolvimento sustentado na região, mas a crise política, econômica e humanitária na Venezuela concentra as atenções nos bastidores. Esta quarta-feira é o último dia do encontro.

Carta Democrática
Nos corredores da Chancelaria dominicana, a delegação venezuelana tenta garantir os 18 votos de que necessita para bloquear a aplicação das medidas previstas na Carta Democrática, disse um diplomata de alto perfil à AFP.

Essa Carta é um mecanismo que pode se aplicado em caso de alteração, ou de ruptura, da ordem democrática e constitucional. Pode-se autorizar gestões diplomáticas, buscando a resolução da crise, ou, no caso mais extremo, suspender um país da OEA.

Essa perspectiva levou a chanceler Rodríguez a pedir, nesta quarta, que a OEA tome "as ações pertinentes para enquadrar a atuação da secretaria-geral". Para ela, Almagro extrapolou suas funções, ao invocar esse mecanismo.

"Em um ano de gestão, o secretário-geral se dedicou a perseguir o governo constitucional da Venezuela, suas autoridades, em uma espécie de linchamento regional", declarou a ministra, em plenária.

Aproximação
Na terça, a Assembleia foi palco de uma aproximação entre Estados Unidos e Venezuela, quando os chefes da Diplomacia de ambos os países, John Kerry e Delcy Rodríguez, tiveram uma inédita reunião.

"Acredito que seja mais construtivo dialogar do que isolar", disse Kerry aos jornalistas, ao manifestar seu desejo de que isso leve a superar "a velha retórica".

Quase ao mesmo tempo, Nicolás Maduro dizia na Venezuela: "Eles propuseram que iniciemos uma nova etapa de diálogo (...) e eu disse à chanceler: 'aprovado'".

As relações entre os dois países se encontram bastante deterioradas, sem embaixadas nas respectivas capitais desde 2010.

A chanceler argentina, Susana Malcorra, e o subsecretário brasileiro das Relações Exteriores, Fernando Simas Magalhães, falaram nesta quarta na plenária da assembleia sobre desenvolvimento sustentado sem se referir, porém, à Venezuela - como se esperava.

Malcorra foi acusada de manter uma relação ambígua com esse país para não pôr em risco sua candidatura à secretaria-geral da ONU.

Já o Brasil, mergulhado em uma grave crise política e em meio ao governo interino de Michel Temer, não manifestou sua posição sobre o tema.

Se algo ficou claro é que os países americanos apoiam, monoliticamente, um diálogo entre oposição e governo na Venezuela e se recusam a impor sanções, ou a suspender o país petroleiro da OEA.

Última actualización el Miércoles, 22 de Junio de 2016 10:51