Ex-diretor da Petrobras y de la Odebrechet, que fez o Porto de Mariel em Cuba, são presos Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Sábado, 15 de Noviembre de 2014 00:22

A Polícia Federal prendeu ontem o ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque e executivos da cúpula de grandes empreiteiras do País suspeitos de pagar propina para fechar contratos com a estatal. A ação é a sétima fase da Operação Lava Jato, iniciada em março deste ano, e que investiga esquema de lavagem e desvios de dinheiro.

 

 Vista de la terminal de contenedores del puerto del Mariel.

Essas empresas – nove ao todo, entre elas Odebrecht, pertencentes a sete grupos – têm contratos que somam R$ 59 bilhões com a Petrobras, considerando o período de 2003 a 2014. Segundo as investigações, parte desses contratos se destinava a "esquentar" o dinheiro que irrigava o caixa de políticos e campanhas no País.

 

 

A PF cumpriu mandados de busca e apreensão na sede dessas empresas. São elas: Camargo  Corrêa, OAS, Odebrechet, UTC, Queiroz Galvão, Engevix, Mendes Júnior, Galvão Engenharia e Iesa.

 

Integrantes do governo, segundo o jornal Folha de São Paulo apurou, consideram que a operação atinge o "coração dos financiadores de campanha".

 

Foram emitidos mandados de prisões preventivas e temporárias contra 27 pessoas, dos quais 18 já foram cumpridos; e 9 de condução coercitiva – quando a pessoa é levada para prestar depoimento obrigatoriamente –, dos quais 6 já foram feitos.

 

Foram bloqueados R$ 720 milhões dos executivos investigados, até o limite de R$ 20 milhões por pessoa. Não houve bloqueio das contas das empresas, para não prejudicar a saúde financeira delas.

 

Até as 12h desta sexta, haviam sido presos, entre outros, o presidente da OAS, Leo Pinheiro; o diretor-superintendente para a área de petróleo e gás da empreiteira, Agenor Mendeiros; o presidente da UTC/Constran, Ricardo Pessoa; e o vice da Engevix, Gerson Almada.

 

A PF também fez buscas na casa do presidente de Ricardo Pessoa, sócio do doleiro Alberto Youssef em um hotel e um empreendimento imobiliário.

 

O vice-presidente da Mendes Junior, Sérgio Cunha Mendes, não foi preso, como informado anteriormente pela PF. A polícia ainda não o encontrou e negocia sua entrega com os advogados do executivo.

 

O presidente da Engevix, Cristiano Kok, foi conduzido coercitivamente para depor na PF em São Paulo. Ele, no entanto, preferiu ficar em silêncio e foi liberado. A Justiça também decretou a prisão de um integrante do conselho de administração da Camargo Corrêa, João Auler, e do vice-presidente da empreiteira, Eduardo Leite.

 

Os dois executivos eram o contato de Youssef dentro da empresa, segundo depoimento à Justiça do próprio doleiro.

 

Um empresário de Santos (SP) foi preso pela Polícia Federal no Recife. A PF também foi ao apartamento de outro empresário no bairro de Boa Viagem, zona sul do Recife. A identidade dele também foi preservada. A intenção dos policiais era apreender computadores, discos rígidos e dinheiro, mas não apreenderam nada. Segundo a PF nada de "relevante" foi encontrado.

 

Todos os presos serão levados para a superintendência da Polícia Federal em Curitiba até o início da noite. Advogados de executivos detidos dizem que não há justificativa para as prisões.

 

A Camargo Corrêa tem o maior contrato individual da refinaria Abreu e Lima, de R$ 3,4 bilhões, apontada pelos procuradores como uma das fontes do suborno. A empreiteira é acusada de repassar propina a servidores e políticos por meio de uma fornecedora de tubos da Petrobras, a Sanko Sider. Ambas as empresas negam irregularidades.

 

O Ministério Público Federal havia pedido a prisão de Márcio Faria, presidente da Odebrecht Engenharia Industrial, e de Rogério Araújo, diretor da empresa. O pedido, porém, foi negado pelo juiz federal Sergio Moro.

 

O nome dos executivos da Odebrecht foi mencionado por Paulo Roberto Costa como seus contatos na empreiteira. A empresa nega veementemente ter cometido irregularidades em contratos com a Petrobras.

 

POLÍTICOS

 

A Polícia Federal informou que nenhum político é alvo da ação de ontem. Mas um dos mandados de condução coercitiva expedidos foi para Marice Corrêa de Lima, parente do Tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Ela foi levada à PF para prestar esclarecimentos.

 

O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, indicado ao cargo pelo então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, foi preso no Rio. Ele é apontado por procuradores e policiais como o principal operador do PT nos desvios da Petrobras.

 

Segundo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, a diretoria de Duque repassava 3% dos contratos que assinava para o PT. A diretoria de serviços cuidava dos projetos de engenharia e das licitações de obras que foram superfaturadas, segundo o Tribunal de Contas da União, como a refinaria Abreu e Lima e o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).

 

Durante entrevista a jornalistas ontem, a Polícia Federal informou que nenhuma informação passada por meio de delação premiada, seja de Youssef ou outro beneficiado pela medida, foi usada para as ações de ontem.

 

LOBISTA

 

O lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB na Petrobras, entrou na lista de procurados da Interpol e do sistema nacional de procurados e impedidos. A PF tinha um mandado de prisão, mas não conseguiu localizar o suspeito de envolvimento em desvios da estatal.

 

O advogado dele, Mario de Oliveira Filho, ainda não tinha a definição se seu cliente vai se entregar à Polícia Federal. "O que posso dizer é que Fernando mora no Rio de Janeiro. Não está fora do País, como disseram algumas notícias absurdas. Estou em contato direto com ele", disse.

 

'Tem muita gente sem dormir em Brasília', diz Aécio

 

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse ontem que a nova fase da operação Lava Jato, da Polícia Federal, está deixando "muita gente sem dormir em Brasília". Para ele, as novas prisões levam o escândalo para cada vez mais perto de dentro do governo da presidente Dilma Rousseff.

 

Aécio, que disputou e perdeu a eleição para a petista, falou sobre o caso em sua primeira agenda em São Paulo após as eleições.

 

Acompanhado do governador Geraldo Alckmin, que não falou sobre o caso, e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ele disse que " cada vez é mais clara a percepção de que não havia um ato isolado de um ou dois dirigentes, mas uma estrutura" criminosa dentro da Petrobras.

 

O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que concorreu a vice de Aécio, completou a frase do aliado com a seguinte expressão: "a casa caiu".

 

Executivos

 

Entre os executivos que tiveram a prisão preventiva ou temporária decretada pela Justiça Federal, a pedido da Polícia Federal durante a sétima fase da Operação Lava Jato, estão presidentes de cinco companhias: da OAS, da Camargo Corrêa Construções, da Iesa Óleo e Gás, da UTC e da Construtora Queiroz Galvão.

 

Essas empresas, juntas com as outras envolvidas, têm contratos que somam R$ 59 bilhões com a Petrobras, considerando o período de 2003 a 2014. Segundo as investigações, parte desses contratos se destinava a "esquentar" o dinheiro que irrigava o caixa de políticos e campanhas no País.

 

Valdir Lima Carreiro (Iesa), José Aldemário Pinheiro Filho (OAS) e Ricardo Ribeiro Pessoa (UTC) estão presos. Dalton dos Santos Avancini (Camargo Corrêa) não foi localizado pela polícia. Ildefonso Colares Filho (Queiroz Galvão) se entregou no fim da tarde de ontem.

 

Políticos são os próximos alvos da polícia, diz oposição

 

A oposição avalia que a sétima fase da Operação Lava Jato, deflagrada ontem e que prendeu executivos de empreiteiras suspeitos de envolvimento com desvios da Petrobras, acaba com a "operação abafa" do governo para invalidar investigações da CPI do Congresso que apura irregularidades na estatal.

 

Líderes do DEM e do PPS afirmaram ainda que, diante do estágio da operação, os políticos serão os próximos alvos.

 

Para o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), a Operação Lava Jato vai levar o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) à ruína. "A operação desmoraliza a comando da CPMI da Petrobras que se negou a votar convocação de ex-diretor preso nesta sexta-feira pela Polícia Federal", afirmou.

 

"A parte criminal está sendo realizada com eficiência pelo comando da operação Lava Jato. Cabe a nós, no Congresso, investigar em uma CPI os políticos e, após a conclusão das investigações, encaminhar os devidos pedidos de cassação de mandato para o Conselho de Ética", defendeu o deputado.

 

Caiado defende demissão de toda diretoria da Petrobras e destituição do Conselho de Administração

 

O líder da Minoria no Congresso Nacional, deputado Ronaldo Caiado (Democratas-GO), defendeu ontem a demissão e substituição de toda a diretoria da Petrobras e a destituição do seu Conselho de Administração como sinal de que existe um interesse real do governo em promover um saneamento da empresa. Na opinião do senador eleito, apenas a auditoria não resolverá os graves problemas desencadeados pelo esquema de corrupção que tomou conta da estatal. E a investigação da Polícia Federal revela a cada momento que a maior empresa pública brasileira está ameaçada a exemplo da nova etapa da Operação Lava Jato ocorrida ontem com a prisão de mais um ex-diretor, Renato Duque, que comandou a área de Serviços entre 2003 e 2004.

 

“Quando uma instituição contratada para auditar a Petrobras se nega a avalizar o balanço da estatal por causa do tamanho da corrupção instalada realmente é hora de se tomar uma atitude mais enérgica. O patrimônio de empresa que é orgulho dos brasileiros está virando pó. É urgente que se tomem providências para evitar que a Petrobras deixe de existir. Se a presidente Dilma quer provar que não tem envolvimento com esse escândalo da Petrobras, deveria começar demitindo toda a diretoria e destituindo o conselho", avaliou Caiado.

 

Para o deputado o que aconteceu entre quinta-feira – adiamento da divulgação do balanço da empresa – e ontem – a deflagração de novas prisões e apreensões pela Polícia Federal – justifica a mudança de todos os postos de comando da empresa. “Se a presidente Dilma quer mesmo combater esse esquema de corrupção que está corroendo a Petrobras, ela precisa agir agora. Não dá mais para avalizar o aparelhamento da empresa que teve seus cargos-chave loteados para aliados. A Petrobras é uma empresa de capital aberto que depende de investidores. Quem vai querer investir numa empresa tomada pela corrupção que não consegue nem apresentar seu balanço do terceiro trimestre, uma obrigação junto a Comissão de Valores Mobiliários?”, argumentou.

DM.COM.BR

Última actualización el Jueves, 20 de Noviembre de 2014 11:02