Hong Kong realiza uma grande manifestação para pedir do regime comunista mais democracia Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Miércoles, 02 de Julio de 2014 01:08

Cerca de meio milhão de pessoas se reuniu na passeata anual de 1 de julho em Hong Kong, que marca o aniversário da devolução da ex-colônia britânica para a China, em 1997, e que, nesta terça-feira, foi dominada pela exigência do sufrágio universal para seus 7,2 milhões de habitantes.

Mais de 500.000 pessoas, segundo os organizadores, e 92.000, segundo a polícia, marcharam para exigir todo tipo de reivindicações, mas todas com um denominador comum: o mal-estar contra o Governo central chinês e os temores de que Pequim aumenta cada vez mais a sua influência nos assuntos internos da ex-colônia. Cerca de 4.000 policiais estão encarregados da segurança, um dispositivo que não se via há mais de dez anos no território autônomo.

 

A manifestação acontece dois dias depois do referendo informal convocado pelo movimento civil Ocuppy Central, que contou com a participação de quase 800.000 pessoas, mais de 10% da população, para exigir o sufrágio universal nas próximas eleições locais em 2017. A China reiterou segunda-feira sua condenação à consulta, que considerou "ilegal" e "inválida" em um comunicado do Departamento de Assuntos de Hong Kong e Macau.

"Podemos ver que Pequim está minando a autonomia de Hong Kong e queremos mostrar que não tememos a opressão do Governo central", disse Johnson Yeung, representante da Frente Pró-Direitos Humanos Civis, um dos organizadores da passeata, informa a Reuters.

Desde a devolução pelos britânicos, o chefe do Governo de Hong Kong é escolhido por uma comissão de 1.200 pessoas, em sua maioria personalidades importantes e empresários da ilha. Embora a China tenha se comprometido a implementar alguma variante do sufrágio universal em 2017, também ressaltou que os candidatos deverão ter sua aprovação.

Pela falta de uma proposta de reforma que inclua um sufrágio universal autêntico, a Occupy Central – que congrega acadêmicos, políticos tradicionais e estudantes, entre outros setores –, ameaça organizar grandes protestos sentados em Central, o distrito financeiro de Hong Kong.

Embora os líderes da Occupy Central considerem que "ainda não é o momento" de começar esses protestos, os estudantes pretendem dar continuidade à manifestação de terça-feira com uma vigília durante a noite, como um ensaio para os protestos sentados.

O movimento começou como uma réplica do Occupy Wall Street – que tomou as ruas do distrito financeiro de Nova York há três anos – e tem crescido em força e popularidade ao servir como catalisador de um crescente mal-estar em vários setores da ex-colônia. As queixas têm relação com o Governo central chinês e sua crescente influência numa ex-colônia orgulhosa de seus tribunais independentes, liberdade de expressão e status de centro financeiro internacional.

O mal-estar aumentou há duas semanas com a publicação, pelo Conselho de Estado (Executivo chinês), de um Livro Branco que apontava que o "alto grau de autonomia" de Hong Kong, previsto dentro do princípio de "um país, dois sistemas" que rege as relações entre Pequim e Hong Kong, não equivale a "autonomia completa" e que a China mantém "jurisdição exaustiva" sobre o território.

Uma pesquisa realizada pela Universidade Chinesa de Hong Kong e publicada na segunda-feira pelo jornal local independente South China Morning Post indica que, após a publicação do Livro Branco, quase metade da população (43,6%) disse não confiar no governo de Pequim – um aumento de 5,2% em relação ao mês anterior e o maior número desde o início das pesquisas em 2009.

Última actualización el Domingo, 06 de Julio de 2014 01:23