Fim de duplicidade da moeda trará enorme inflação a Cuba, dizem especialistas Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Domingo, 27 de Octubre de 2013 10:53

A eliminação da duplicidade monetária anunciada nesta terça-feira pelo governo de Cuba é uma medida “necessária” e “positiva”, mas que vai gerar uma “enorme inflação” e um “deslocamento” econômico, segundo especialistas.
peso221003

Trata-se de um processo de “unificação” da moeda que vai gerar uma “inflação enorme e a criar um deslocamento” com prejuízo principalmente para o povo cubano, garantiu à Agência Efe Jaime Suchlicki, diretor do Instituto de Estudos Cubanos e Cubano-Americanos (ICCAS), da Universidade de Miami (UM).

 

O acadêmico expressou suas reservas sobre a capacidade de o Estado controlar os “preços” e evitar que “a inflação dispare”.

Suchlicki qualificou a medida como “difícil, perigosa para o regime e negativa para a população”, ao mesmo tempo em que se mostrou convencido de que ela não promoverá uma “real mudança” na ilha.

Atualmente em Cuba circulam duas moedas: o peso cubano (CUP), com o qual a maior parte da população recebe seus salários e paga pelos produtos e serviços básicos; e o peso conversível (CUC), moeda forte equiparável ao dólar.

Sem precisar datas concretas, a nota oficial cubana indica que “o processo pela unificação monetária para as pessoas jurídicas e para as pessoas físicas terá início”.

Suchlicki sustentou que para uma transformação verdadeira rumo a um sistema de liberdades seria preciso “abrir a economia e permitir que cubanos sejam donos de empresas e possam negociar com companhias estrangeiras e exportar”.

“Estas seriam as mudanças reais” e não uma simples medida (como a da eliminação da dualidade monetária), cujos objetivos não estão relacionados com a melhora da economia, de acordo com o especialista.

Apesar disso, reconheceu que “era necessário acabar” com a existência de duas moedas e entrar em processo de unificação monetária. Mas “estas são decisões políticas, e não econômicas”, considerou.

Para Jorge Duany, diretor do Instituto de Pesquisa Cubana da Universidade Internacional da Flórida (FIU), “o funcionamento indefinido da dualidade monetária, geradora de desequilíbrios muito grandes, era uma situação insustentável”.

É provável que este processo de unificação monetária “iguale o terreno socioeconômico para todo o mundo” e termine com esse tipo de ‘apartheid’ causado pela duplicidade monetária na ilha.

“É uma medida necessária, embora vá causar, inicialmente, uma série de inseguranças e deficiências, para poder endireitar um pouco a situação financeira do país”, concluiu Duany.

Andy Gómez, ex-profesor da UM, garantiu que o anúncio do processo é um “passo importante” e “positivo” que faz parte das reformas econômicas do governo cubano para tirar a economia nacional de seu estado de prostração.

O problema, conforme destacou Gómez, é que o Estado cubano carece de “estrutura” para implementar esta reforma.

“Sem investimentos extras” a economia cubana não vai entrar em uma caminho de crescimento; será um simples “curativo para uma ferida de uma dimensão muito profunda”, comparou.

Tomado de Arko-Infolatam/EFE

Última actualización el Miércoles, 30 de Octubre de 2013 08:30