Carromero acusa Cuba castrista de "matar" Payá Imprimir
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Martes, 06 de Agosto de 2013 09:01

O espanhol Angel Carromero, condenado pelo acidente de carro que matou Oswaldo Payá, acusou os serviços secretos cubanos pelo assassinato do dissidente.

Oswaldo Payá en el Parlamento Europeo

Agência O Globo

Em entrevista publicada nesta segunda-feira pelo jornal “El Mundo“, Carromero detalha as circunstâncias do acidente de 22 de julho de 2012, em Bayamo, a 800 quilômetros da capital Havana, que também levou à morte do dissidente Harold Cepero. De acordo com o espanhol, que se declara inocente, a família de Payá apresentará queixa no Tribunal de Madri para esclarecer o caso.

 

Carromero, de 27 anos, argumenta que o veículo dirigido por ele foi atingido por outro carro azul que, segundo ele, pertencia aos serviços secretos de Cuba. Em uma entrevista publicada em março pelo jornal “The Washington Post”, no entanto, o espanhol afirmara que o carro era um Lada velho e vermelho.

Após o acidente, Carromero conta ter sido colocado em uma van semelhante às utilizadas pela segurança do Estado cubano e recebido um golpe na cabeça com a coronha de uma arma. Ele foi levado ao hospital e, de lá, enviou uma mensagem para o celular de Aron Modig, político sueco que também estava no carro e se feriu no acidente. Nas mensagens, de acordo com a imagem publicada pelo “El Mundo“, se pode ler:

“Socorro. Rodeado de militares”.

Segundo Carromero, que é ex-líder da juventude do Partido Popular espanhol (PP), todo o processo foi uma montagem. Ele diz ter sido ameaçado de ser preso em Cuba se não defendesse a tese do acidente. Curiosamente, ele explica que na sua confissão teve que usar o termo “acidente de trânsito”, o que não é habitual no castelhano da Espanha, onde costuma-se usar acidente de tráfego.

Durante sua prisão, o condenado relata não ter sofrido tortura física, mas psicológica. Ele conta que se podia sair da cela uma vez a cada três semanas e disse que geralmente o sedavam. Sobre o julgamento no qual ele foi condenado a quatro anos de prisão, disse que todos os testes foram forjados e que ele nunca poderia exceder a velocidade, pois a estrada era “mal pavimentada, com buracos e curvas”.

“Dizer que foi um acidente e me enquadrar foi uma jogada perfeita”, disse. “Assim, ocultaram a morte do único adversário que poderia liderar a transição”, acrescentou, em referência ao papel de Payá como promotor do Projeto Varela para alterar a Constituição e introduzir um sistema multipartidário na ilha.

Na entrevista, ele agradeceu os esforços do governo espanhol, que conseguiu repatriá-lo em dezembro de 2012 para cumprir o resto de sua sentença. Duas semanas depois de seu retorno, em janeiro de 2013, foi libertado da prisão e passou a usar uma pulseira que monitora todos os seus movimentos.

Ele confessou, no entanto, que nunca falou sobre o que aconteceu ou com o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, e o ministro das Relações Exteriores, José Manuel García-Margallo.

Tomado de IBFOLATAM/O'GLOBO

Última actualización el Viernes, 09 de Agosto de 2013 09:02