"Nada está mudando por vontade do Governo cubano", diz Yoani Sánchez Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Domingo, 10 de Marzo de 2013 11:34

Puebla (México), 9 mar (EFE).- A dissidente cubana Yoani Sánchez afirmou neste sábado no México que em seu país "nada está mudando por vontade do Governo" embora "algo esteja mudando" dentro dos próprios cubanos.

Em uma conferência sobre a liberdade de expressão em Cuba que ofereceu na reunião semestral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), realizada em Puebla, centro do México, a blogueira sustentou que Cuba vive processos "irreversíveis de mudança" e o "esgotamento de um sistema de repressão" imposto há mais de meio século na ilha.

Sánchez, criadora do blog "geração Y" e ganhadora de prêmios de jornalismo e de direitos humanos em vários países, foi a primeira jornalista cubana em meio século a falar sobre temas de liberdade de expressão em uma apresentação intitulada "Como abrir por dentro o ferrolho cubano".

A blogueira dissidente, representante da SIP na ilha, explicou que o engenho dos cubanos para usar as tecnologias e divulgar conteúdos diferentes dos que são impostos pelo governo foi a chave no surgimento de um ânimo de libertação em seu país.

Combinado a isso, Sánchez considerou que a recente morte do presidente venezuelano, Hugo Chávez, poderia catalisar uma série de processos de abertura na ilha motivados, além disso, por reformas que o líder de Cuba, Raúl Castro, fará depois que se defina o que será feito com o subsídio de petróleo que Cuba veio recebendo do país sul-americano.

"Raúl Castro pode estar com estas pequenas flexibilizações, que não são nem o esperado nem o desejável, mas que estão dinamitando o sistema de maneira irreversível", opinou.

Sánchez aproveitou o fórum para apresentar alguns casos de violações à liberdade de expressão em seu país, como a que afeta o jornalista Calixto Ramón Martínez, que está detido há seis meses e em greve de fome desde 6 de março.

O jornalista está preso por ter denunciado em 2012 o desvio e mal estado de um lote de remédios que a Organização Mundial da Saúde (OMS) enviou para Cuba, e por divulgar um problema de cólera na ilha.

Com relação a isso, pediu aos jornalistas e meios de comunicação que não "desviem o olhar de Cuba" pois, apesar do clima de esperança de hoje, "são os olhos do mundo que nos protegem".

"Isso é o que aconteceu comigo", apontou Sánchez, que lembrou que as tecnologias têm hoje um papel crucial para o exercício e a promoção da liberdade de expressão em Cuba, especialmente a internet e as redes sociais, apesar de apenas 3% da população ter acesso à rede, segundo suas próprias estimativas.

A blogueira disse que hoje são os telefones celulares e os arquivos digitais "passados de mão em mão" que começaram a "estimular um apetite da população por ler materiais diferentes".

Yoani Sánchez, que saiu de Cuba legalmente em 17 de fevereiro graças à recente reforma migratória aprovada em outubro de 2012, disse se sentir segura em voltar a seu país, apesar do discurso anticastrista que fez nas últimas semanas.

"Não tenho nenhuma dúvida de que retornarei a Cuba, caso contrário estaria navegando em sentido contrário", acrescentou.

A visita ao México faz parte de uma viagem de 80 dias que inclui escalas em diversos países da América e Europa. EFE