DECEPÇÃO EM CUBA PELO ADIAMENTO DA REFORMA MIGRATÓRIA Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Sábado, 24 de Diciembre de 2011 12:39

Como todos os aeroportos do mundo o nosso é impessoal, estressante, de alumínio e cristal por todos os lados. De vez em quando a porta da alfândega se abre e alguém sai com a bagagem envolvida em celofane. Os familiares que aguardam dão um grito, correm, o recém chegado tem o rosto avermelhado pela emoção. Enquanto isso no primeiro andar acontecem as despedidas, os últimos abraços entre pessoas que talvez não voltem a se verem nunca mais. Existem guaritas com oficiais de olhar severo que revisam os documentos.

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Passaporte, visto, passagem… Permissão de saída. Sempre me pergunto o que acontece com quem para em frente a esta janelinha sem a carta branca, sem essa infame autorização que os cubanos necessitam para sair de nosso próprio país. Porém há poucos testemunhos, as proibições ocorrem, especialmente, nos escritórios de emigração e assuntos estrangeiros, bem longe das pistas de onde os aviões decolam.

O rumor de que amanhã, sexta-feira 23/12, Raúl Castro poderia anunciar uma flexibilização a estas restrições de entrada e saída não me deixa dormir. Em quatro anos meu passaporte se encheu de vistos para outras nações, porém carece de uma só permissão para que eu possa transpor essa insularidade. Dezoito negativas de viagem é demais; parece mais uma vingança pessoal do que o exercício de alguma regulamentação burocrática. Tenho minha bagagem preparada desde há muito. A roupa que contém foi amarelando com o tempo, os presentes que levaria para os amigos caducaram ou passaram de moda, as comunicações que iria ler ao vivo em certos eventos perderam a atualidade. Porém a maleta continua me olhando de um canto da casa. Quando viajamos? Imagino que suas rodas gastas me interrogam. E só atino em lhe responder que talvez esta sexta-feira num parlamento – sem poder real – alguém decrete a devolução de um direito de que sempre deveria desfrutar.

No caso de que a esperada “reforma migratória” seja anunciada, provarei seus limites no aeroporto, em frente à guarita que tantos temem. Minha maleta e eu estamos prontas. Dispostas a comprovar se o guarda apertará o botão que abre a porta para a sala de espera ou se chamará a segurança para que me tirem do lugar.

Traduzido por Humberto Sisley de Souza Neto

NOTA DE CUBALIBREDIGITAL: A Sexta Feira 23/12/2011, o ditador em execício, Raúl Castro, adiou de novo o tema da tão esperada Reforma Migratória, limitándo-se a dizer que "está em estudos", e em troca anunciu a libertação de presos pela próxima visita do Papa à ilha

Última actualización el Sábado, 24 de Diciembre de 2011 12:47