Reformas em Cuba? Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Lunes, 12 de Diciembre de 2011 11:35

Cubanos se reúnem diante do Parlamento em Havana

Como reforma econômica não engrena, Cuba repõe estoque de presos políticos.

Após cinco décadas de "nãos", os cubanos recebem há meses praticamente um "sim" por semana. Autorizações para comprar casas e carros, montar o próprio negócioplantar vender ao setor turístico sem passar pelo Estado são algumas das iniciativas de Raúl Castro para salvar uma economia em colapso, em que subsídios são cortados sem que o poder de compra da população aumente.

Embora a "abertura" tenha conquistado no noticiário um espaço proporcional aos anos de hegemonia da linha dura, pouco muda no cotidiano dos 11 milhões de cubanos. Para aquele que consegue com ajuda de parentes no exterior juntar US$ 10 mil – o salário médio é de US$ 18 por mês -, ainda é "mais negócio" fraudar uma doação do que formalizar a compra de uma casa e pagar imposto. É mais prático seguir com o carro conseguido no mercado negro do que encontrar o verdadeiro dono (décadas depois da venda original) para regularizar a transferência e pagar imposto. É mais cômodo trabalhar nos minguantes canaviais do Estado do que se meter a plantar por conta própria sem máquinas e terra boa.

Em meio a tanto "sim" sem efeito imediato (a multiplicação de pequenos negócios é uma exceção), um "não" histórico tem aproveitado as circunstâncias para se fortalecer. Nos últimos 30 anos, nunca houve tantas detenções curtas por delitos de opinião. Há pelo menos 50 condenados em Cuba por razões estritamente políticas (sem emprego de violência). Após a libertação, intermediada pela Igreja Católica, dos 75 detidos na Primavera Negra de 2003, eles já não contam com a pressão interna e externa para sair da prisão. Não podem opinar sobre as mudanças em curso porque ignoraram a regra que não mudou. Um cubano não pode, ainda, falar mal da ditadura cubana.

Última actualización el Lunes, 12 de Diciembre de 2011 11:37