A FILHA DE RAÚL CASTRO E YOANI SÁNCHEZ SE 'DESENCONTRAM' EM TWITTER Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Jueves, 10 de Noviembre de 2011 22:06

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“Quando nós cubanos poderemos sair de outros armários?”. perguntou Yoani, e Mariela respondeu "...para melhorar teus serviços precisas estudar..."

Há alguns anos eu havia me apegado a um bordão que intercalava entre frases. “Entendes-me?” O qual era capaz de aborrecer até os meus amigos mais compreensivos. Dizia nos momentos menos adequados e um dia alguém me deu uma lição: “Por que pensas que não te entendo, não serás tu que não sabe me explicar?” A linguagem tem, desse modo, a qualidade de nos desnudar e nos deixar à intempérie; as palavras revelam o que escondemos sob o verniz do bom temperamento. As redes sociais, especialmente, se constituíram numa passarela pela qual transitamos de roupa curta ante o olhar perscrutador dos leitores, dos amigos e da ampla legião dos críticos. Cada monossílabo que escrevemos para estes conglomerados de opiniões nos denunciam e nos desnudam.

Lembro que ao iniciar no Twitter minha voz era mais deselegante, menos conhecedora da pluralidade que um espaço assim hospeda. Desde agosto de 2008, quando criei a minha conta nesse serviço de microblogging, cada trecho de 140 caracteres publicado me fez uma pessoa mais tolerante e mais respeitosa. Daí a surpresa que me provocou a réplica de Mariela Castro a pergunta que lhe fiz num tweet: “Quando nós cubanos poderemos sair de outros armários?”.

O ataque pessoal com que me respondeu me deixou atônita. Não esperava uma mão estendida para o diálogo, é claro, porém tampouco tanta arrogância. Certo é que preciso estudar, tal como ela me sugeriu, o farei e continuarei fazendo inclusive quando os meus olhos não diferenciarem os discursos longos dos livros e meus dedos artríticos não possam escrever num teclado. Contudo já aprendi que fugir de uma pergunta atacando o outro porque lhe faltam estudos, é sinal de soberba. Ante tal reação qual seria a agressão que um camponês que cursou só até o sexto grau receberia quando se dirigisse à diretora do Centro Nacional de Educação Sexual?

Acredito, contudo, que do mesmo modo daquele bordão bobo que um dia repetia, o ataque verbal é um costume que se pode curar. A voz se treina, a tolerância se adquire e o ouvido se amplia para escutar o outro. Twitter é u`a magnífica terapia para o conseguir. Suponho que no transcorrer dos dias e enquanto Mariela Castro continue publicando, compreenderá melhor as regras do diálogo democrático, sem hierarquias e onde ninguém pretende ensinar ninguém. Chegado este momento, espero-a para conversar, tomarmos um café, “estudar” juntas – por que não? – o longo e difícil caminho que nos resta pela frente.

Traduzido por Humberto Sisley de Souza Neto

Última actualización el Jueves, 10 de Noviembre de 2011 22:13