O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, pediu hoje às autoridades cubanas que resolvam o caso do dissidente Guillermo Fariñas, que está em greve de fome há mais de um mês.

"Quando teve a possibilidade de deixar seu país em uma bandeja de prata, [Fariñas] disse que não ia se não o deixassem voltar", afirmou Insulza, ao ser questionado pela ANSA sobre o tema, demonstrando a gravidade da situação, qualificada por ele como "muito complexa e difícil".

SANTIAGO DO CHILE, 30 MAR (ANSA) - No domingo, Fariñas rejeitou novamente a proposta feita pela Espanha, para que ele fosse transportado à Europa em um "avião ambulância", em vista de seu debilitado estado de saúde.

O opositor -- que antes tinha dito que só iria sair de Cuba caso pudesse retornar -- alegou dessa vez que só deixaria a ilha se fosse acompanhado de 26 presos políticos, que também estariam doentes.

Para Insulza, a posição do jornalista e psicólogo, contrário ao regime dos irmãos Fidel e Raúl Castro, mostrou a "seriedade do que está pedindo". "Espero que este gesto faça com que as autoridades pensem e tratem de resolver este assunto", enfatizou.

O secretário-geral, recentemente eleito para um segundo mandato na OEA, também acrescentou que "nossa comissão de direitos humanos [Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)] está trabalhando no assunto", assim como "a nossa Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão".

Fariñas, de 48 anos, iniciou a greve de fome um dia depois da morte de Orlando Zapata Tamayo, outro opositor ao governo cubano que faleceu em razão de um protesto semelhante, em 23 de fevereiro. Zapata Tamayo permaneceu 85 dias sem se alimentar.

Integrante do grupo de 75 dissidentes detidos em 2003, Tamayo reivindicava a libertação dos chamados prisioneiros de consciência. Sua causa chamou a atenção internacional ao problema dos presos políticos em Cuba, que não se pronunciou a respeito.