O REGIME DE RAÚL CASTRO, FLAGRADO EM PLENA REPRESSÃO, BRIGA CONTRA A COMUNIDADE INTERNECIONAL Imprimir
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Sábado, 20 de Marzo de 2010 21:22

O regime cubano de Raúl Castro decidiu quebrar o silêncio e contra-atacar a comunidade internacional, que o acusa de violações dos direitos humanos. O diário Granma, órgão oficial do governo, denunciou uma “inquisição”, promovida pela mídia estrangeira, com o objetivo de “desacreditar o sistema político da ilha”. “Cuba não admitirá chantagens da imprensa ocidental”, afirmou o artigo publicado no jornal socialista. O texto colocou em xeque a credibilidade da greve de fome do jornalista e psicólogo Guillermo Fariñas Hernández — o dissidente político de 49 anos está internado na unidade de terapia intensiva do Hospital Arnaldo Millian Castro, na cidade de Santa Clara (a 268km de Havana), sem comer nem beber há 25 dias. “Não é a medicina que resolverá o problema de Fariñas, criado intencionalmente para nos desacreditar”, acrescenta a reportagem.

Rodrigo Craveiro

Publicação: 20/03/2010 07:00


Em outra frente, Resfel Pino Álvarez, representante de Cuba perante o Conselho dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), argumentou na quarta-feira que “nem os Estados Unidos nem a União Europeia (UE) têm autoridade moral para questionar outros países”, citando a “cumplicidade nas detenções secretas de suspeitos de terrorismo”. Enquanto isso, o próprio regime cubano reprimia, com violência, um protesto das Damas de Branco, movimento formado por mães e mulheres de prisioneiros políticos. No fim da tarde de ontem, as ativistas saíram mais uma vez às ruas do bairro de Havana Velha.

Em nova entrevista ao Correio, por telefone, Guillermo Fariñas considerou a reação de Havana uma tentativa de evitar que a comunidade internacional acione o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas contra a agressão sofrida por Reina Luisa Tamayo, mãe do dissidente Orlando Zapata Tamayo, morto no último dia 24 após uma greve de fome que durou 85 dias. “Reina Luisa estava com as Damas de Branco, quando começaram a proferir ofensas racistas contra ela. Chamaram-na de negra de m… e disseram que a assassinariam a golpes, assim como mataram o filho dela”, contou à reportagem. O incidente teria ocorrido quando a mãe de Zapata deixava a Igreja de Santa Bárbara, em Havana. “Ela foi separada das Damas de Branco, levada até um local e golpeada por mulheres e homens que a ofenderam”, relatou.

Irracional

De acordo com Fariñas, quando o regime de Raúl Castro se vê pressionado, atua de modo irracional. “Para acalmar a dissidência, o governo tratou de aplicar o terror”, disse. “Fiz um chamamento ao Conselho de Segurança da ONU para que a dissidência pacífica cubana não seja massacrada.” O jornalista sustenta que as autordiades da ilha buscam desviar a atenção da comunidade internacional, ao acusarem os Estados Unidos e a União Europeia de “falta de autoridade moral”. “A opinião pública nacional e estrangeira, os governos e parlamentos de todo o mundo… Eles estão se concentrando no assassinato de Orlando Zapata Tamayo, conseguindo ver o que está ocorrendo com os presos políticos e testemunhando a violação dos direitos humanos”, acrescentou o dissidente.

Na entrevista que concedeu anteontem ao Correio, Guillermo Fariñas acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ser “tão assassino de Zapata quanto Raúl e Fidel Castro”. A reportagem entrou em contato com o Palácio do Planalto, mas a assessoria da Presidência da República afirmou que “não tecerá qualquer comentário a respeito”.

Também por telefone, o ativista Elizardo Sánchez — fundador da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDRHN) — declarou não se sentir surpreso com a reação do regime cubano. “Essa linguagem tem sido usada pelo governo durante décadas. É um governo que está há mais de 50 anos no poder e que havia prometido realizar eleições periódicas”, disse. “Não se trata de ter ou não moral, mas é um direito da comunidade internacional pedir o respeito às leis e regras internacionais, que devem ser obrigatórios tanto para Alemanha, quanto para Brasil, Costa Rica ou Cuba”, sublinhou. Ele lembrou que o governo cubano não respeita essas normas de convivências. “Não há nada de novo nesse discurso repetitivo”, garantiu.

Segundo Sánchez, a CCDRHN não se coloca a favor da greve de fome. “Somos contrários, porque esse tipo de manifestação coloca o direito à vida em perigo”, explicou. No entanto, ele considera justa a demanda de Guillermo Fariñas. “Ele pede a libertação dos prisioneiros de consciência mais enfermos.”

Resolução

O Parlamento da Polônia (Dieta) aprovou ontem uma resolução que condena as ações das autoridades cubanas contra a oposição democrática e exige a liberdade de todos os dissidentes políticos. “A Dieta da República Polonesa, que guarda em sua memória a tradição de luta pela liberdade e a herança do (Movimento) Solidariedade (de Lech Walesa), condena as ações das autoridades cubanas contra a oposição democrática”, afirma o texto da Câmara Baixa. “Apesar dos esforços de organizações internacionais, em particular da UE, a situação de mais de 200 prisioneiros políticos em Cuba continua sendo muito difícil”, acrescenta a resolução.
Última actualización el Sábado, 20 de Marzo de 2010 21:26