O jornalista cubano Guillermo Fariñas, que está em greve de fome há 14 dias, afirmou hoje que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deverá acatar o pedido feito por um grupo de dissidentes para que interceda em favor de presos políticos.
HAVANA, 9 MAR (ANSA) - Em declarações à ANSA, Fariñas revelou não estar certo de que Lula ajudará os opositores, já que "tem compromissos com o governo cubano". Ele faz uma greve de fome para pedir a libertação de 26 presos políticos doentes.
Nesta terça-feira, um grupo de dissidentes deixou na Embaixada do Brasil em Havana uma carta endereçada a Lula. No texto, eles pedem ao presidente que interceda junto ao governo em favor da libertação dos detidos cujo estado de saúde está mais debilitado.
Fariñas também criticou o fato de o presidente brasileiro ter visitado a ilha caribenha no dia em que morreu o dissidente Orlando Zapata Tamayo, que não resistiu a uma greve de fome que durou 85 dias.
"Foi uma afronta ao povo cubano e à família de Tamayo que Lula tenha vindo no mesmo dia em que [o opositor] faleceu e passeasse com as pessoas que tinham as mãos manchadas com o sangue dele e de tantos cidadãos", afirmou Fariñas.
O presidente chegou a Havana na noite de 23 de fevereiro, data do falecimento de Zapata, e se reuniu no dia seguinte com seu homólogo Raúl Castro e com o líder cubano Fidel Castro.
A carta com o pedido de intervenção foi escrita por dissidentes que integram o recém-criado Comitê Pró-Liberdade dos Prisioneiros Políticos Cubanos Orlando Zapata Tamayo. (ANSA)