VENEZUELA: "CASO APONTE" REVIRA O ESCENÁRIO PRÉ-ELEITORAL CONTRA O OFICIALISMO CHAVISTA Imprimir
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Lunes, 23 de Abril de 2012 14:10

As denúncias do ex-juiz venezuelano Eladio Aponte sobre a suposta manipulação da justiça por parte do chefe de Estado da Venezuela, Hugo Chávez, e seu Governo revirou o panorama político pré-eleitoral, enquanto a Promotoria solicitou à Interpol a inclusão do ex-juiz em seu banco de dados.

Membros do Governo e do partido oficial saíram hoje em busca das denúncias assegurando que Aponte está dizendo o que os Estados Unidos exigem, como parte de uma campanha de desprestígio para gerar uma crise no país, enquanto a oposição assinala que se trata de uma “briga da corrupção”.

Aponte foi destituído há um mês de seu cargo no Tribunal Supremo (TSJ) pelo voto unânime de membros do partido oficial e da oposição no Parlamento, por supostos vínculos com o narcotráfico, e especificamente sua relação com o suposto traficante Walid Makled, a quem entregou uma credencial da Promotoria Geral Militar.

O ex-juiz chegou na terça-feira passada aos Estados Unidos, depois de passar pela Costa Rica, onde entrou em contato com o Departamento Antidrogas dos EUA (DEA).

Em uma entrevista para um canal de televisão estadunidense, Aponte assegurou que, como juiz, recebeu pedidos “do presidente e de pessoas que ocupavam cargos menores” que lhe “davam as diretrizes de acordo com o panorama político” e assegurou que o próprio Chávez o pediu “diretamente” para manipular casos.

Além disso, ele assegurou que o vice-presidente Elías Jaua é quem “controla a Justiça no país”. “O Ministério Público solicitou hoje à Polícia Internacional (Interpol)que incorpore em seu banco de dados a alerta vermelha contra o ex-juiz do Tribunal Supremo de Justiça, Eladio Aponte“, indicou a Promotoria em um comunicado, por ele estar relacionado com Makled.

A Promotoria venezuelana também resolveu emitir a ordem de apreensão, “apreender e recolher bens”, bem como bloquear e imobilizar as contas bancárias do juiz.

Pela manhã, o presidente do Parlamento venezuelano, Diosdado Cabelo, assegurou que Chávez jamais deu uma instrução a Aponte nem a nenhum juiz e acusou o ex-membro do Supremo de estar dizendo o que os Estados Unidos pedem.

Aponte “teve a oportunidade de ir à Assembléia e na Assembléia, diante do país, dizer o que tinha que dizer, mas não teve a coragem, a força nem moral nem ética para parar na Assembléia”, disse Cabelo.

O dirigente chavista enquadrou as palavras de Aponte no marco da campanha para as eleições de outubro próximo, já que, disse, a oposição não têm nenhuma opção contra Chávez nas urnas.

Por sua vez, Jaua alertou os venezuelanos porque “já começaram as ações de desprestígio contra a Venezuela” para levar o país a uma “crise política, do sistema de justiça, econômica e moral”, visando as eleições do próximo 7 de outubro.

Da trincheira opositora, o candidato à Presidência, Henrique Capriles, disse, em relação às denúncias de Aponte: “não sabemos o que é pior, honestamente, se são as declarações desse magistrado ou a resposta dos altos funcionários do Governo, mas isso é uma briga entre eles, uma briga da corrupção”.

Última actualización el Lunes, 23 de Abril de 2012 14:14