Brasil muda estratégia e propõe reduzir isolamento em estados e cidades com 50% da capacidade de saúde vaga |
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Martes, 07 de Abril de 2020 01:43 |
O Ministério da Saúde propõe reduzir parcialmente o isolamento em cidades e estados com metade dos leitos e estrutura de saúde vagos. A medida, de acordo com o boletim divulgado nesta segunda-feira (6), passaria a valer na segunda-feira (13). A partir da próxima semana, portanto, cidades com mais de 50% da capacidade de atendimento médico disponível poderiam passar do Distanciamento Social Ampliado (DSA) para uma transição ao Distanciamento Social Seletivo. Veja a diferença entre os dois tipos de isolamento e o bloqueio total (lockdown), de acordo com documento do ministério:
O distanciamento seletivo é feito apenas para algumas pessoas, idosos e pessoas do grupo de risco, com doenças preexistentes. Pessoas mais jovens e sem sintomas de coronavírus podem circular sem problemas. Atualmente, o país pratica o distanciamento ampliado que restringe ao máximo o contato entre as pessoas de qualquer grupo. Mas o boletim destacou que há carência de profissionais de saúde capacitados para manejo de equipamentos de ventilação mecânica, fisioterapia respiratória e cuidados avançados de enfermagem direcionados para o manejo clínico de pacientes graves de Covid-19. Os leitos de UTI e de internação não estão devidamente estruturados e nem em número suficiente para a fase mais aguda da epidemia. O Ministério da Saúde não informou a situação de cada região, mas apresentou cinco estados em situação de emergência, em que a incidência da doença está muito acima da taxa nacional (São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Amazonas e Distrito Federal), e dois estados em atenção, pouco acima da incidência nacional (Rio Grande do Norte e Roraima). Os demais, que estão abaixo da média nacional, estão em estão em estado de alerta. As cidades que não apresentarem mais de 50% dos leitos vagos, entre outros critérios médicos, deverão manter o Distanciamento Social Ampliado até a estabilização do sistema de saúde. "Hoje publicamos informações sobre o Distanciamento Social Ampliado, Distanciamento Social Seletivo, e Bloqueio Total (lockdown). As medidas são temporárias, localizadas e o governo federal está fazendo de tudo para que elas sejam minimizadas ao máximo possível", disse nesta segunda-feira Wanderson Oliveira, secretário de vigilância em saúde do ministério, em entrevista a jornalistas. A apresentação da nova estratégia ocorre após uma mudança de tom de Jair Bolsonaro a respeito do isolamento social. Na terça-feira (31), o presidente fez pronunciamento em rede nacional em que não criticou diretamente as medidas do Ministério da Saúde. No domingo (29), no entanto, passeou por Brasília e entrou em contato com cidadãos da cidade. A pasta e o presidente têm discordado sobre as medidas de isolamento no combate ao coronavírus no Brasil. O colunista do G1 Gerson Camarotti informou nesta segunda-feira que o ministro Luiz Henrique Mandetta desabafou a interlocutores depois de tomar conhecimento de uma fala de Jair Bolsonaro. O presidente teria dito que alguns ministros viraram "estrelas" e falam "pelos cotovelos". Bolsonaro teria afirmado também que a caneta dele funciona. Sem mencionar nomes, disse que "a hora deles [em referência a esses ministros] ainda não chegou. Vai chegar". "Ameaça não dá. O presidente tem de tomar uma decisão", afirmou Mandetta, segundo interlocutores, em telefonemas aos ministros Braga Neto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). A Organização Mundial da Saúde (OMS) defende o isolamento social como uma das principais medidas para o combate ao vírus. A suspensão da medida deve, segundo o órgão internacional, respeitar uma série de fatores, com uma estratégia de transição cuidadosa e gradual. (veja reportagem acima) A infectologista Joana D’Arc Gonçalves reforçou que o afrouxamento das medidas de isolamento só deve ser implementado se houver estoque suficiente de equipamentos. Ela avalia que mudar a situação atual pode colocar tudo a perder. "Essa transição de uma fase pra outra tem que ser muito bem planejada. O que a gente sabe é que os serviços de saúde sofrem uma restrição, um déficit de recursos crônico. Então, se a gente abrir de uma forma não estruturada, sem ter os equipamentos adequados, a gente pode ter um retrocesso, a gente pode ter uma explosão da pandemia, um aumento do número de casos e não estarmos preparados", disse. O infectologista Leonardo Weismann tem opinião semelhante. "Isso já feito anteriormente com vacinas, mas nunca com vírus potencialmente letal. É um grande risco. Precisamos lembrar sempre que pessoas de qualquer idade, com ou sem doenças crônicas, podem ficar doentes e morrer. Então, essa medida proposta hoje pode ser um risco para o sistema de saúde." Estado de SP mantém quarentenaMais cedo, o governo de São Paulo ampliou a quarentena até o dia 22 de abril. A medida segue sem flexibilizações, e foi tomada para conter o avanço do coronavírus no estado. A determinação será publicada no Diário Oficial desta terça-feira (7). "Sim, a prorrogação da quarentena será feita em São Paulo por mais 15 dias, do dia 8 até o dia 22 de abril, pelo conjunto de razões que já foram claramente expostas", afirmou o governador João Doria. Ele ainda afirmou que os prefeitos têm a obrigação de seguir a orientação e usar o "poder de polícia em caso de desobediência". "Nenhuma aglomeração de nenhuma espécie em nenhuma cidade ou área do estado de São Paulo será admitida. As Guardas Municipais ou Metropolitanas deverão agir", afirmou. "Isso é constitucional, não é uma deliberação que pode ou não ser seguida. Ela deve ser seguida por todos os municípios do estado", completou. Situação no BrasilO último balanço dos casos de Covid-19 divulgados pelo Ministério da Saúde aponta:
No domingo (5), havia 486 mortes e 11.130 casos confirmados. Em relação ao balanço anterior, foram acrescentadas 67 mortes e 926 casos confirmados.
G1 GLOBO |
Última actualización el Sábado, 11 de Abril de 2020 01:50 |