A PRE-CANDIDATA PRESIDENCIAL BRASILEIRA MARINA SILVA, DISSE QUE SE DEMOCRACIA É IMPORTANTE PARA BRASILEIROS TAMBÉM É PARA OS CUBANOS Imprimir
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Lunes, 26 de Abril de 2010 21:40

No início de uma visita de três dias a Washington, a pré-candidata à Presidência pelo PV, Marina Silva, criticou ontem a aproximação do Brasil com Irã e Cuba.

Ela afirmou que Irã e Cuba passaram a ser motivo de preocupação no que tange ao Itamaraty. "Não acho que Cuba só tem problemas, mas se somos amigos é preciso fazer ver que a revolução se completa com a democracia. Se os direitos humanos e a liberdade de expressão são importantes para os brasileiros, o são também para os cubanos."

 

ANDREA MURTA
de Washington

Atualizado às 17h06.

No início de uma visita de três dias a Washington, a pré-candidata à Presidência pelo PV, Marina Silva, criticou ontem a aproximação do Brasil com Irã e Cuba.

"Minha posição é de crítica e estranhamento à atitude do governo brasileiro dar audiência a [o presidente iraniano, Mahmoud] Ahmadinejad. O Irã tem preso politico, desrespeito aos direitos humanos, pessoas são executadas. A questão nuclear é polêmica. Nem China nem Rússia andam recebendo o Irã tão bem [quanto o Brasil]."

A senadora disse ainda que o Brasil deveria assinar o Protocolo Adicional do Tratado de Não Proliferação Nuclear, que o governo Lula vem se recusando sistematicamente a fazer. As pressões pela assinatura do Protocolo Adicional têm aumentado por parte dos EUA, que organizará no mês que vem, em Nova York, cúpula de revisão do tratado. O protocolo adicional permite inspeções mais intrusivas em instalações nucleares.

Para ela, porém, não há que "se fazer tábula rasa da política externa brasileira, que também teve avanços"; elogiou por exemplo a aproximação com países da África.

Em outro momento crítico, a pré-candidata disse que "é muito estranha a insistência do governo em fazer o leilão de Belo Monte quando questionamentos só se agravam, inclusive na viabilidade econômica". O governo fez na última terça leilão para construção da hidrelétrica.

Com relação à campanha no Brasil, ela disse não ter medo de sofrer a mesma "operação de guerra que foi feita para inviabilizar a candidatura de [o deputado] Ciro Gomes" (PSB-CE): "Vamos insistir na tese de que queremos fazer um debate. Queremos ser uma alternativa", afirmou.

Anos perdidos

Em seu primeiro dia em Washington, Marina se reuniu com Lisa Jackson, diretora da agência de proteção ambiental americana. O encontro durou cerca de 20 minutos e ocorreu em uma pequena tenda de lona do lado de fora do ambiente principal das comemorações do Dia da Terra no no Washington Mall, onde o presidente Obama fez sua posse, em janeiro de 2009.

"O encontro foi para aprofundar uma ponte que já existe", disse a senadora. "Quis colocar o desejo de um eventual governo do PV criar uma agência reguladora da questão do clima; quero ver como a experiência do EPA poderia contribuir para a formulação dessas políticas."

Fechada à imprensa, a reunião não foi atrapalhada pela chuva fina que caía na cidade. A brasileira tirou fotos com várias pessoas _sua pequena trupe, seguida pela presença da imprensa, atraiu curiosos, que vinham perguntar quem era a pré-candidata.

Nos EUA, Marina tem aparecido moderadamente na mídia. O "New York Times" fez um perfil recente da senadora que dizia que, se vencer, ela será "a primeira presidente negra do Brasil". "Sou negra, me identifico assim, mas não posso dizer que fui vítima de preconceitos", diz Marina. "Também não quero fazer nenhum tipo de comparação com o presidente Obama [o primeiro presidente negro dos EUA]."

Nesta noite, a senadora é convidada de jantar com o ambientalista Thomas Lovejoy, estudioso da Amazônia que critica comumente o Brasil pelo desmatamento.

No domingo, a Marina fará discurso em ato pelo Dia da Terra. Segundo ela, após "dez anos perdidos com o governo de George W. Bush (2001-2009), queremos dizer ao governo Obama que há muita torcida de nossa parte para que se possa avançar" na redução das emissões de CO2.

Sua equipe afirma que o governo Lula era mais próximo de Bush e que é preciso agora aprofundar laços com Obama.

Amanhã à noite, a senadora deverá ter novo encontro com o diretor James Cameron, de "Avatar". "Vi Avatar duas vezes, gostei muito e não concordo que o filme tem muita tecnologia e a história é pobre. Para tentar mostrar o que se sente quando se entra em uma floresta é preciso muita tecnologia mesmo."

Última actualización el Lunes, 26 de Abril de 2010 22:16