BRASIL E ESTADOS UNIDOS NÃO SE ACERTAM SOBRE IRÃ Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Jueves, 04 de Marzo de 2010 10:35

Secretária americana defende punição, enquanto Lula insiste no diálogo

Brasil e EUA divergiram ontem sobre como lidar com a questão nuclear iraniana. A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e o chanceler Celso Amorim não chegaram a um acordo sobre o tema, em Brasília. Hillary também se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Enquanto os Estados Unidos enfatizam a necessidade de punir o Irã por conta do enriquecimento de urânio com o suposto objetivo de fabricar armas nucleares, o Brasil aposta no diálogo. Hillary pediu a Amorim, a Lula e em visita ao Congresso o apoio brasileiro para novas sanções contra o Irã. O Brasil, porém, defendeu o direito de o país asiático enriquecer urânio, desde que para fins pacíficos.

Em entrevista coletiva concedida no Itamaraty junto com Amorim, Hillary afirmou acreditar que “só depois de aplicadas as novas sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas o Irã vai mudar sua posição e retomar as negociações”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pouco antes disso, fez uma afirmação no sentido oposto. Defendeu o diálogo como única solução para a situação do Irã (ele visitará o país dos aiatolás em maio) e alertou:

– O Brasil mantém sua posição, temos uma visão clara sobre o Oriente Médio e sobre o Irã. O Brasil entende que é possível construir um outro rumo. Não é prudente encostar o Irã contra a parede. Prudente é estabelecer negociações – afirmou Lula.

Diplomática, Hillary disse concordar com a interpretação do governo brasileiro de que há espaço para negociação. Mas ponderou:

– A porta está aberta para o diálogo. Mas têm de estar abertas as portas dos dois lados.

Amorim, por sua vez, insistiu que as sanções têm efeito contraproducente e – em consonância com o presidente – que, apesar de esta situação tornar-se cada dia mais difícil, ainda há possibilidade para uma saída negociada.

Amorim enfatiza que há, também, convergências

Tentando pôr panos quentes nas divergências, Amorim falou em “convergência” entre EUA e Brasil:

– Só pessoas adultas conseguem viver com a divergência. Quando se tem um adulto e uma criança ou duas crianças, eles não sabem conviver com as divergências. A divergência vira briga. No nosso caso, divergência vira diálogo, vira discussão, é troca de ponto de vista. Isso quando há divergência, porque há muitas convergências entre Brasil e EUA, nos objetivos em relação ao Irã, ao Oriente Médio e a outros assuntos.

Também ontem, Hillary acusou a Venezuela de manter “relações improdutivas” com os seus vizinhos e tolher liberdades civis. Defendeu a necessidade de “restauração da democracia” no país e o restabelecimento das regras de livre mercado, citando como exemplo de sucesso, nesses quesitos, o Brasil e o Chile. Embora não tenha sido questionado sobre o tema Venezuela, Amorim afirmou que a integração do país do presidente Hugo Chávez ao Mercosul será positiva em todos os sentidos.

 

Brasília
Última actualización el Jueves, 04 de Marzo de 2010 10:39