VOTO CUBANO PRÓ-OBAMA CRIA EXPECTATIVAS DE FLEXIBILIZAÇÃO |
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Lunes, 12 de Noviembre de 2012 12:16 |
Uma histórica porcentagem dos votos de cubano-americanos ajudou Barack Obama a vencer as eleições na Flórida, desafiando o tradicional controle republicano sobre os votos de um bloco que por décadas vêm definindo a política americana para Cuba. De acordo com pesquisas de boca de urna, Obama obteve 48% dos votos dos cubano-americanos, 13 pontos acima dos 35% que ele teve em 2008 e 23 a mais do que os 25% de Al Gore em 2000, quando o democrata perdeu o estado, e as eleições, por 537 votos. Pelas últimas décadas, o poder do voto cubano no estado decisivo para as eleições, e os seus congressistas anticastristas influenciaram as políticas americanas para a ilha, alvo de um embargo econômico e uma proibição de viagens há mais de 50 anos. O afastamento dos cubano-americanos do Partido Republicano e suas posições linha-dura é claro, mas é incerto se ele se traduzirá em mudanças na política americana para Cuba. Na eleição de terça-feira, Joe Garcia, um cubano-americano democrata derrotou o republicano David River na disputa por uma vaga na Câmara pelo sul de Miami. Garcia defende um processo de engajamento lento e cauteloso com Cuba, e aprova decisões do governo Obama como as permissões para que cubanos-americanos visitem seu país com mais frequência e mandem mais dinheiro e bens para a ilha - uma política rejeitada pelos republicanos. Americanos comuns ainda são proibidos de viajar a Cuba ou de fazer negócios com o país, embora exceções ao embargo façam que os EUA vendam US$ 350 milhões à ilha todos os anos. - O número de cubano-americanos votando em Obama foi chocante para nós. Para os republicanos, deve ser algo muito preocupante, porque, de repente, a mais confiável base de latinos a favor do partido está mudando de lado - diz o especialista em pesquisas Fernand Amandi. Falta de reciprocidade Wayne Smith, que esteve à frente da seção de interesses americanos em Havana durante o governo Jimmy Carter (1977-1981), considera que o resultado, que mostra que Obama recebeu uma fatia ainda maior dos votos dos americanos de origem cubana nascidos nos EUA - 60% -, abre uma brecha inédita para a flexibilização das políticas americanas para Cuba: - Pela primeira vez em anos, há alguma chance para a mudança de políticas. Há muito mais jovens cubano-americanos que apoiam uma abordagem mais sensata em relação ao país As pesquisas de boca de urna, porém, não perguntaram aos cubano-americanos sobre política externa. Uma pesquisa do grupo ImpreMedia mostra que os latinos da Flórida consideravam a economia e a criação de empregos as questões mais importantes da eleição, seguidas de imigração, educação e sistema de saúde. - Eu não espero que haja uma grande mudança das políticas do governoObama para Cuba - diz o republicano James Cason, também ex-chefe da missão em Havana, lembrando que congressistas que se opõem duramente a qualquer abertura para o castrismo, como a representante Ileana Ros-Lehtinan e o senador Robert Menendez, se reelegeram. - Eu acho que Cuba continuará sendo um assunto secundário na pauta da política externa. Everett Briggs, ex-diplomata americano especializado em América Latina, avalia que a falta de reciprocidade cubana aos acenos de Obama inibe mudanças mais ousadas na política do governo para a ilha: - Obama tomou medidas para normalizar a relação, mas não obteve nada em retorno. Cuba não é um país normal, e não deveríamos cair na armadilha de tratá-lo como se fosse. Em Cuba, as expectativas também não são muito otimistas. - Se Obama continuar fazendo o que fez até agora, o que não é realmente muito, só ser mais flexível em relação às viagens, já é algo positivo. Mas os desafios reais, como o fim do embargo ou a retirada de Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo, dependem do Congresso — diz o ex-diplomata cubano Carlos Alzugaray. |